"Há um ambiente de grande choque no PS", diz Silva Pereira

Na véspera de o PS reunir a Comissão Nacional para lançar as bases da sucessão de Pedro Nuno Santos, o ex-ministro Pedro Silva Pereira defende, em declarações à Antena 1, que uma mudança relativamente rápida de liderança pode ajudar o partido a preparar o próximo desafio eleitoral.

João Alexandre - Antena 1 /

Foto: RTP (arquivo)

"Faria sentido que a eleição acontecesse antes do verão. Quer haja um único candidato, quer haja mais do que um, acho que isso teria vantagem. Eu sinto que existe no PS um ambiente de grande choque com os resultados eleitorais, portanto, penso que seria importante que fosse para a campanha das eleições autárquicas com uma liderança já escolhida", diz.

Para o antigo vice-presidente do Parlamento Europeu, uma substituição mais célere de Pedro Nuno Santos poderia servir para "dar um sentido de serenidade e de orientação" ao PS para campanha importante como as eleições autárquicas, que, acredita, podem até resultar numa vitória para os socialistas: "Tem todas as condições para ganhar".

Pedro Silva Pereira entende ainda que, mais do que calendarizar o processo, a reunião da Comissão Nacional - o órgão máximo entre congressos - deve começar a definir o tom do partido na oposição ao Governo de Luís Montenegro.

"Vai ser uma oportunidade para começar a definir o registo da oposição que deve fazer. Certamente que o momento fundador da legislatura - com o debate parlamentar do Programa de Governo - vai acontecer antes da definição da liderança do PS, seja qual for a decisão da Comissão Nacional", lembra Pedro Silva Pereira, que aponta: "Há um consenso cada vez mais alargado no PS de que deve viabilizar o Programa do Governo em homenagem aos resultados eleitorais e àquela que é a expectativa do país em razão desses resultados".
Silva Pereira defende oposição "responsável e construtiva", mas "firme"
Em declarações à Antena 1, o ex-eurodeputado socialista argumenta que a posição manifestada por Pedro Nuno Santos na noite eleitoral - em que o ainda líder defendeu que o PS não deve ser "suporte" de um Governo da AD - não condiciona os socialistas. E assinala que o partido deve respeitar os resultados, mas avançar com uma oposição que "denuncie" as propostas da coligação PSD/CDS-PP.

"É muito importante que o Partido Socialista encontre um caminho em que a condição de uma oposição responsável e construtiva não o impeça de liderar a oposição e, portanto, de fazer uma oposição firme ao Governo. Eu penso que esse caminho também começará a ser discutido na Comissão Nacional", salienta.
Quanto à corrida à liderança e substituição de Pedro Nuno Santos - e numa altura em que é praticamente certo que José Luís Carneiro irá sozinho a votos ou que não terá um nome de peso como adversário -, Pedro Silva Pereira prefere não falar em nomes e afirma que não será difícil encontrar um secretário-geral capaz de dar conta do recado.

"Eu penso que o que é importante é que quem se apresente como candidato à liderança do PS o faça por convicção. Foi também o sentimento que Ferro Rodrigues expressou bem recentemente. E é também o meu sentimento (...) Eu não tenho nenhuma preferência em abstrato, acho que o PS tem, entre os nomes que têm vindo a ser referidos nos últimos dias, soluções que deixam o partido certamente entregue em boas mãos", conclui.
A Comissão Nacional do PS que vai servir para aprovar o calendário eleitoral interno dos socialistas foi convocada para sábado, em Lisboa.
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