Henrique Granadeiro diz-se enganado pelos administradores da PT apanhados nas escutas

O presidente do Conselho de Administração da PT afirmou numa entrevista à Visão que foi enganado pelos administradores da empresa referenciados nas escutas divulgadas pelo Sol. Admitindo um envolvimento da PT no alegado plano do Governo para controlar a comunicação social, Henrique Granadeiro assegura que, a ter ocorrido, a operação foi levada a cabo à revelia.

RTP /
O presidente da Portugal Telecom diz que este é um caso que será resolvido internamente www.telecom.pt

Na entrevista à edição online da revista, Henrique Granadeiro garante que não sabia de nada do alegado envolvimento da PT no que seria um plano do Governo de José Sócrates para assegurar o controlo da comunicação social portuguesa.

O presidente da PT admite no entanto que isso possa ter acontecido, mas sem o seu conhecimento.

Em causa estão os dois administradores da empresa referenciados nas escutas do processo Face Oculta divulgadas pelo Sol, e que interpuseram providências cautelares para impedir o semanário de voltar a transcrever os textos das escutas: Rui Pedro Soares e Soares Carneiro.

Referindo-se a estes dois quadros, Henrique Granadeiro declarou que se sentia "encornado".

Posteriormente, numa entrevista ao Jornal de Negócios, o líder da PT reconheceu que este caso está a ter um impacto "brutal" na reputação da empresa. Granadeiro disse que o problema será agora resolvido internamente, tendo já falado sobre o assunto com o presidente executivo da PT, Zeinal Bava.

Granadeiro remeteu outras explicações para o Parlamento, caso seja essa a vontade dos deputados.

Deputado Ribeiro e Castro pediu audição com Henrique Granadeiro

Ainda ontem, o deputado do CDS-PP defendia a "maior urgência" no agendamento da audição parlamentar do presidente da PT, para que este esclareça as "contradições" sobre o contacto com o primeiro-ministro relativamente ao negócio da TVI.

"A questão que a nós interessa esclarecer é se o Governo conhecia ou não e se teve alguma intervenção ou não na negociação por parte da Portugal Telecom para tomar uma posição de controlo sobre a empresa que controlava a TVI", defendeu Ribeiro e Castro durante uma conferência de imprensa no Parlamento.

Perante os jornalistas, o deputado democrata-cristão sublinhou as "várias contradições" nas declarações que Henrique Granadeiro prestou em três diferentes momentos a órgãos de comunicação social sobre a data em que diz ter conversado com o José Sócrates sobre o negócio da TVI.

"O dr. Henrique Granadeiro sobre esta matéria já disse três coisas diferentes. O que eu chamo a atenção é para a manifesta contradição que existe entre a declaração do dia 24 publicada a 25 de Junho (de 2009), a declaração de dia 9 publicada a dia 10 (de Fevereiro de 2010) e o desmentido feito ao fim do dia do próprio dia 10", lembrou Ribeiro e Castro, considerando que se trata de "declarações diferentes a diferentes órgãos de comunicação e não dizendo exactamente a mesma coisa".

Para sustentar que "é totalmente falsa a ideia de que o primeiro-ministro ou o Governo tenham ou possam ter tido um plano para controlar a comunicação social", o ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, referia ontem que "o Governo não deu qualquer instrução à PT para aquisição de uma posição na Media Capital e, portanto, de controlo da TVI - o que já foi desmentido pelo presidente da PT (Henrique Granadeiro) -, tal como não deu nenhuma instrução no sentido de a PT estabelecer uma qualquer parceira estratégica na área da comunicação social que a pudesse colocar numa posição dominante em relação a outros meios de comunicação social".

PUB