Joacine Katar Moreira não coloca à disposição lugar de deputada

por RTP

FOTO: Lusa

Joacine Katar Moreira mostrou esta manhã o descontentamento com a críticas que lhe têm sido feitas. E realçou que, desde que foi eleita, está a ser confrontada com a restrição da liberdade de escolha. O Livre está reunido em congresso e uma das moções propõe a retirada da confiança política à única deputada do partido.

A deputada única do Livre, Joacine Katar Moreira, afirmou esta manhã, à chegada ao congresso que tem em cima da mesa retirar-lhe a confiança política, que "está completamente fora de questão" renunciar ao mandato.

"Fora de questão, completamente fora de questão", disse a deputada do Livre, eleita nas legislativas de outubro, em resposta às questões dos jornalistas.
Já perante o congresso, a deputada salientou que a sua "consciência está tranquilíssima" em relação ao trabalho que efetuou, e acusou a assembleia do partido de "mentiras, manipulação e omissão" na resolução que apresentou.

Numa intervenção de pouco mais de 20 minutos, Joacine Katar Moreira Mostrou um documento com todas as iniciativas que ela e o seu gabinete levaram a cabo até agora na Assembleia da República.

"Estão aqui todas as coisas que fizemos até hoje", disse enquanto mostrava, a partir do púlpito, um dossiê com várias folhas.

Na ótica da deputada, os trabalhos desenvolvidos ao longo de dois meses de mandato, foram sendo "desvalorizados sistematicamente e manipulados".

"Este relatório fere a minha honra e a minha dignidade, está cheio de inverdades, de algumas mentiras e de manipulação e de omissão", acusou.

Apesar disso, disse que a sua "consciência está tranquilíssima" porque os motivos "são facilmente rebatidos", salientou.

"Qual é o motivo disto? O que é que faz com que os membros do meu partido, dois meses depois da minha eleição, façam um relatório cheio de inverdades e omissões?", quis saber a parlamentar.

Joacine Katar Moreira queixou-se igualmente de ver a sua liberdade limitada.

"Desde a minha eleição eu venho sucessivamente a ser confrontada com a restrição da minha liberdade de escolha, que começou com a definição do gabinete da Assembleia", frisou, apontando que "isto também não é cultura do Livre".

A deputada justificou ainda a razão de não ter divulgado como votaria na generalidade o Orçamento do Estado para 2020, - referida como razão para a retirada da confiança política pela assembleia do partido -, com o facto de a sua abstenção ter sido noticiada anteriormente, informação alegadamente divulgada junto da comunicação social por um dos membros do Grupo de Contacto.

"Por causa disto é que eu optei por não fazer declaração nenhuma sobre o Orçamento, isto porque um órgão da direção já o tinha feito", declarou a deputada única.

Joacine Katar Moreira lembrou ainda a declaração noticiada de que tinha sido "eleita sozinha", negando tê-la feito, e dizendo que deu até uma entrevista em que a negou. A parlamentar criticou que tal entrevista tenha sido "ignorada" pelos órgãos internos do partido.

"Afinal umas entrevistas importam muito mais do que outras", acusou, acrescentando que "ninguém é eleito sozinho".

Apesar de ter contado com poucas reações enquanto discursava, no final a deputada foi bastante aplaudida.


c/ Lusa
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