Política
Conversa Capital
Líder parlamentar do PS avisa: "circunstância de emergência" deve "fazer soar campainhas nas direções dos partidos à esquerda"
A menos de um mês das eleições presidenciais, o líder parlamentar do PS recupera uma frase de Mário Soares da campanha de 1986 e faz um apelo ao povo de esquerda para se juntar à candidatura de António José Seguro, porque "às vezes há momentos em que dizermos que apoiamos outro é a forma mais eficaz de não desistirmos".
Imagem e edição de vídeo: Pedro Chitas
Em entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, Eurico Brilhante Dias fala de um momento histórico e de como o desequilíbrio instalado no país precisa de uma concentração de votos no candidato do PS. Para o líder parlamentar socialista há uma "circunstância de emergência que deve fazer soar as campainhas nas direções políticas dos partidos à esquerda".
Eurico Brilhante Dias garante que o partido está "fortemente envolvido" na candidatura de António José Seguro para evitar que também a Presidência da República seja entregue à direita, tal como já acontece com outros órgãos políticos.
Sobre o caso Spinumviva, Eurico Brilhante Dias considera a reação do primeiro-ministro (PM) "desproporcional" e "desequilibrada" e lembra que, não tendo existido inquérito, Luís Montenegro não foi inocentado. Reitera que há conflito de interesses.
Sobre a falta de idoneidade alegada por Pedro Nuno Santos, antigo líder do PS, Eurico Brilhante Dias diz que, sem prejuízo da avaliação que possa ser feita do PM, o valor que prevalece, neste momento, é o da estabilidade política.
Neste sentido recusa que a campanha presidencial seja feita de casos, como o de Marques Mendes.
Nesta entrevista à Antena1 e ao Jornal de Negócios, Eurico Brilhante Dias deixa ficar um aviso ao Governo: "a nossa disponibilidade para continuar a votar favoravelmente autorizações legislativas está a atingir o seu limite".
Considera que o Governo se está a furtar ao debate e a querer introduzir medidas de carácter fiscal que tem de ser discutidas no Parlamento. Diz que a Assembleia da República não é um órgão de soberania que carimba as opções do Governo e considera a atitude do Executivo um desprestígio para os deputados.
Neste âmbito, dá como exemplo o pacote de medidas para a habitação que levaram o Governo a pedir novas autorizações legislativas. Eurico Brilhante Dias não se compromete para já com o chumbo às autorizações legislativas, mas diz que a proposta de lei é o melhor caminho.
Eurico Brilhante Dias revelou ainda nesta entrevista que o grupo parlamentar do PS está a trabalhar num diploma para a revisão das comissões bancárias.
Refere, a propósito, o caso das comissões nas amortizações antecipadas do crédito à habitação que vão ser aplicadas no próximo ano e que o PS contesta, considerando que se trata de uma penalização para as famílias.
Sobre a legislação laboral, Eurico Brilhante Dias espera que o diploma chegue à Assembleia da República com um acordo em sede de concertação. Isso significaria que tinha entendido a realização da greve geral.
Em relação à Lei da Nacionalidade, o PS continua a exigir ao Governo que vá mais longe na discussão do diploma, que recentre as suas opções porque expurgar as normas consideradas inconstitucionais não é suficiente.
A entrevista é conduzida por Rosário Lira, da Antena 1, e Filomena Lança, do Jornal de Negócios.