Louçã acusa Sócrates de tráfico de influências

O dirigente do Bloco de Esquerda Francisco Louçã lançou duras críticas ao primeiro-ministro, José Sócrates, acusando-o de tráfico de influências ao ter oferecido a Joana Amaral Dias um lugar de Estado em troca do seu apoio às listas do PS para as legislativas. O PS já respondeu ao Bloco, considerando as acusações falsas e rejeitando qualquer convite à militante bloquista.

RTP /
Francisco Louça foi desmentido pelo porta-voz do PS, que o apelidou de "muleta da direita" Carlos Santos, Lusa

Ouvidas as críticas dos bloquistas, o porta-voz do PS João Tiago Silveira já veio recusar que o primeiro-ministro tenha feito qualquer convite a Joana Amaral Dias, acusando por sua vez Francisco Louçã de actuar como "muleta da direita".

Durante o encontro de apresentação da lista de Setúbal para as legislativas, Francisco Louçã felicitou a militante bloquista por esta ter recusado apoiar as listas socialistas depois de o PS alegadamente ter procurado o apoio da bloquista.

"Acontece, no entanto, que voltou a convidá-la para cargos de Estado em troca de um eventual apoio, seja a chefiar um instituto público na área da Saúde, seja num qualquer lugar de Governo", acusou Louça, considerando que "isso mostra-nos o desespero em que está o PS".

O coordenador do Bloco de Esquerda estendeu ainda as suas críticas, ao afirmar que via neste episódio "uma forma de política menor, de vergonha, que é uma política que oferece lugares de Estado, que trafica influências e oferece lugares a troco de algum apoio".

"Isto é uma vergonha, é a forma de governar em maioria absoluta, é pensar que o Estado é de um partido, mas não é. A democracia não permite traficâncias", lançou Francisco Louça, defendendo que a democracia é "lugar de responsabilidade" e "um partido que em vésperas de eleições anda a distribuir mordomias é um partido que não merece governar".

PS rejeita qualquer convite

À Agência Lusa, o porta-voz dos socialistas considerou "falsas" as declarações de Francisco Louçã, garantindo que "não é verdade que Joana Amaral Dias tenha sido convidada para deputada pelo secretário-geral do PS e não é verdade também que tenha sido convidada para um cargo num instituto público".

Nesse sentido, João Tiago Silveira qualificou de "falsas" as palavras do dirigente bloquista, acrescentando que estas constituem "a prova de que o dr. Francisco Louçã deixou de discutir ideias e propostas porque só pretende dizer mal do PS com base em histórias falsas".

"O dr. Francisco Louçã assume-se como a muleta da direita, já que passou a ser um comentador de factos que não existem nem existirão", deixou ainda o porta-voz.

Louçã estende críticas ao caso BPN

A intervenção de Louçã no almoço-comício que decorreu numa associação recreativa do Barreiro foi desenvolvida à volta da palavra "favorecimento", com o bloquista a apontar vários exemplos que no seu entender demonstram que o Executivo socialista pautou os qutro anos de mandato governativo por políticas de favor: um dos exemplos apontados foi o caso BPN.

Louçã considera que o Estado fez uso de três mil milhões de euros dos dinheiros dos contribuintes para salvar os activos do banco e apontou ainda ao Governo um caso de favorecimento depois de em sede de concertação social, esta sexta-feira, na reunião que abordou os custos da gripe A, ter ficado decidido que os encargos serão "assumidos pelos trabalhadores e pela segurança social sem que às empresas sejam pedidos sacrifícios ou responsabilidades".

O dirigente bloquista apontou ainda o dedo ao primeiro-ministro relativamente ao caso do terminal de contentores de Alcântara, dizendo que "sabemos agora que Sócrates garantiu à Mota-Engil um contrato em monopólio nos contentores de Alcântara".

"Até ao dia em que Sócrates fizer 85 anos de idade está a Mota -Engil segura, tem sempre um lucro garantido e no dia em que a sua operação não tiver lucro garantido, o Estado paga o lucro que eles não tiveram a operar sozinhos sem concorrência, sem concurso, num contrato que lhes dá todas as garantias", considerou.

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