Política
Eleições 2011
Luta final opõe PS "queimado" a PSD em "ziguezague"
Um político “queimado”, comparável a um “velho ilusionista”, é o que Pinto Balsemão vê no líder do PS, em contraste com a "autoridade tranquila" do líder do PSD. “Firmeza” é a postura reclamada por José Sócrates, crítico do “ziguezague” laranja. Com três dias de campanha pela frente, cresce em acidez a luta entre socialistas e social-democratas, enquanto CDS-PP, BE e PCP procuram contrariar o “voto útil”.
“José Sócrates está queimado. Os truques do velho ilusionista estão vistos e revistos, já não pegam”. O diagnóstico foi assinado ontem à noite pelo militante número um do PSD. Ao lado de Passos Coelho num jantar-comício em Coimbra, Pinto Balsemão teceu algumas das críticas mais ásperas de toda a campanha para as legislativas do próximo domingo. A maior parte dos ataques teve por destinatário o líder socialista. Mas houve espaço para uma farpa ao CDS-PP. Nas palavras de Balsemão, “nem o esquerdismo tardio do doutor Portas nem o conservadorismo serôdio do engenheiro Sócrates” levarão a que os social-democratas alterem o caminho que estão a trilhar.
O mapa da campanha
José Sócrates começa o primeiro dos últimos três dias de campanha em Caneças, passando depois por Torres Vedras e pela Mealhada. À noite, o líder do PS intervém num comício em Santa Maria da Feira.
Pedro Passos Coelho percorre hoje o norte do país. Espinho, Ovar, São João da Madeira, Oliveira de Azeméis e Aveiro formam o roteiro da caravana do PSD.
Já o líder do CDS-PP, Paulo Portas, vai andar por Ferreira do Alentejo, Olhão, Tavira, Portimão e Albufeira.
Francisco Louçã leva a caravana do Bloco de Esquerda a Coimbra e ao Porto, onde fará uma "arruada". Em Braga, haverá comício noturno do Bloco.
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, vai percorrer a Baixa da Banheira, a Amadora e Lisboa antes de encerrar o dia com um comício no Seixal.
Sem “querer perder tempo” com Sócrates, Pinto Balsemão procurou enumerar as qualidades que, na sua opinião, têm sido evidenciadas pelo atual presidente do PSD.
Pedro Passos Coelho, sustentou o antigo primeiro-ministro, “está preparado para governar, sabe ouvir, sabe aprender, sabe decidir e sabe guardar segredo”. E “não precisa de pôr-se em bicos de pés para se impor, a sua autoridade tranquila contrasta suficientemente, contrasta totalmente, com os truques que já não pegam do grande mas velho e usado ilusionista e que também contrastam com a dificuldade de olhar olhos nos olhos do líder do CDS”.
Já com o líder no púlpito, os militantes laranjas puderam ouvir novo endossar de culpas ao PS pela falta de dinheiro no país “para assegurar as funções básicas da sociedade”.
“Pensou o país que a democracia funcionava e que, por essa razão, nós podíamos ter em Portugal um sistema de normalidade democrática. E durante muito tempo os governantes esforçaram-se para que país pensasse que essa normalidade existia”, atalhou Passos Coelho.
“Chegou, no entanto, o dia em que o país percebeu que o Governo não tinha dinheiro para pagar salários, que o Governo não tinha dinheiro para assegurar as funções básicas da sociedade, para garantir àqueles que precisam que podiam ter mesmo saúde de acordo com as suas necessidades, que podiam mesmo ter serviços de educação de acordo com as suas necessidades, que podiam mesmo recorrer à justiça e vê-la funcionar”, continuou o líder dos social-democratas, para repetir que “os portugueses saberão julgar”.
Reclamando para o PSD a formação de “uma grande equipa para liderar Portugal”, Passos propôs-se “somar” e “juntar”, ao invés de “separar” e “dividir”. O que não significa introduzir “saladas russas” e “divisões de responsabilidades” no poder executivo. “Nós cooperaremos com toda a gente. E faremos um governo para todo o país e para todos os portugueses, não é um governo para o PSD”, temperou.
“Esqueletos no armário” do BPN e do BPP
A noite socialista passou por Leiria, onde José Sócrates quis contrapor a sua “atitude de firmeza” ao que disse ser a “atitude de ziguezague” de Pedro Passos Coelho. “Eu já tive que tomar muitas medidas difíceis. E que medidas. Medidas muito exigentes. Medidas que, posso dizer-vos, me custaram pessoalmente, medidas que colidiram com os interesses do PS, com os interesses partidários e com a minha popularidade. Mas nunca me faltou a coragem para tomar as medidas que defendia, o interesse geral”, salientou o secretário-geral socialista no comício da cidade do Lis.
Numa intervenção demorada, Sócrates insistiu na ideia de que, em seis anos de governação, não hesitou em “fazer as reformas de que o país necessitava para se modernizar”: “Tive que enfrentar muitos interesses corporativos, muitos interesses particulares. E nunca desisti, porque essa é a primeira responsabilidade do Governo, impor o interesse geral contra qualquer interesse particular ou corporativo”.
“A atitude de uma liderança não pode ser a atitude do ziguezague, de dizer hoje para desdizer amanhã. O que o país precisa é de uma liderança segura de si, firme e convicta para levar Portugal a vencer as dificuldades. Num momento destes, o país tem que ter um primeiro-ministro que não ceda à primeira divergência, ao primeiro descontentamento”, frisou o líder socialista, que acusou ainda Passos Coelho de “precisar do beneplácito” e de “uma espécie de certificação de competências” do Fundo Monetário Internacional para “se afirmar como líder político”.
A Basílio Horta, o cabeça de lista do PS por Leiria, coube a tarefa de introduzir o BPN e o BPP no menu socialista para o comício da noite de terça-feira. A anteceder o discurso de José Sócrates, o antigo dirigente do CDS aludiu aos paraísos fiscais e perguntou “para onde foi o dinheiro” dos rombos daquelas instituições bancárias. “Era engraçado se nós olhássemos bem para os off-shore, nomeadamente para o off-shore do Luxemburgo, e usássemos a expressão de que o PSD tanto gosta. Quantos esqueletos é que saíam do armário?”, questionou-se. Segundo o dirigente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), quando a Oposição acusa o Executivo socialista de ter mascarado o défice orçamental está a esquecer-se de que “5,5 mil milhões de euros do BPN, 400 milhões de euros do BPP e mil milhões de euros dos submarinos foram inscritos no Orçamento”.
“Mudou o ciclo”
Foi a partir da Região Autónoma da Madeira, no parque desportivo de Água de Pena, em Machico, que Paulo Portas deu por acabado “o tempo de ganhar eleições a fazer promessas e de governar a gastar o dinheiro que não existe”. No jantar-comício que precedeu um regresso noturno a Lisboa, o presidente do CDS-PP disse também que “começou o tempo em que cidadãos, os contribuintes, os jovens têm o direito de exigir aos políticos que saibam ganhar eleições sem promessas e saibam governar as nações poupando e não só gastando”.
Depois de repetir que já não há “ninguém disponível para aceitar sacrifícios para as famílias, sacrifícios para as empresas, sacrifícios até nas instituições de solidariedade, se continuar a existir ao lado do sacrifício que é aplicado ao povo o desperdício quando é aplicado ao Estado”, Portas propôs-se ainda dizer, “sem atacar ninguém” ou “mencionar quem quer que seja”, “uma só verdade” e “uma só ideia, seja em Lisboa, seja no Funchal, seja em Ponta Delgada”. Isto porque o CDS-PP, advogou, é “um partido de uma só nação”.
“Precisamos da força do continente, da força das regiões autónomas, da força das autarquias locais, mas clarificando que em todas estas instâncias mudou o ciclo, é preciso gerir melhor, gerir com mais cuidado, não comprometer com impostos de hoje a dívida de hoje e não comprometer com os impostos de amanhã a dívida contraída hoje”, sublinhou Paulo Portas, antes de reiterar a garantia de que o seu partido fará “tudo o que estiver ao alcance” para que “nunca mais” o país “passe por um vexame como está a passar e nunca mais nós vejamos entidades estrangeiras virem determinar opções políticas de políticas públicas em Portugal”.
Outra das ideias retomadas pelo líder do CDS-PP na Madeira foi a de que José Sócrates “já perdeu estas eleições”: “Agora, o que está em causa é saber que força quer o povo português dar ao CDS na construção de uma nova maioria”.
“Um voto inútil”
No Barreiro, Francisco Louçã procurou demolir o valor do “voto em José Sócrates”. Tratar-se-á, no vaticínio do coordenador da Comissão Política do Bloco de Esquerda, de “um voto paralisado” e “até um voto inútil”, já que o líder socialista, “esteja no governo ou esteja na oposição, fará exatamente a mesma coisa”. Ou seja, “o que decidirá e o que votará num lugar como noutro é tintim por tintim o programa da troika”.
Sem perder o tom, Louçã considerou que a escolha do PS nos boletins de voto corresponde a “um voto perdido, é até um voto arrastado pela certeza de que traz incompetência à economia portuguesa”: “É também um voto comprometido, porque José Sócrates quer uma coligação, seja com quem for, desde que seja dentro da troika. Ele não quer nenhuma ponta à esquerda, quer um voto comprometido para se comprometer com uma aliança à direita”.
“O voto em José Sócrates passou a ser um voto com um brinde. É um voto em José Sócrates para que Paulo Portas entre no governo com ele ou para que faça um acordo com Passos Coelho”, insistiu o dirigente bloquista.
Durante o comício montado na Sociedade Democrática União Barreirense “Os Franceses”, o discurso de Francisco Louçã foi pontuado por fórmulas como “sim, nós somos capazes” e “sim, nós podemos”, a evocar o slogan “yes we can”, usado por Barack Obama nas presidenciais norte-americanas de 2008. E à semelhança do que já fizera de tarde, no culminar de uma “arruada” pela Baixa de Lisboa, o coordenador do BE dirigiu uma questão a cada um dos eleitores portugueses: “Meu caro amigo, o voto é teu até domingo, mas no domingo vais dá-lo a alguém e diz-me uma coisa: o voto vai ficar bem entregue?”.
“Furem-lhes as contas”
Jerónimo de Sousa encerrou a jornada de campanha de terça-feira com um comício em Beja, onde procurou exortar os eleitores indecisos e “enganados” a mostrarem a PS, PSD e CDS-PP que não são “donos do voto dos portugueses”. “Furem-lhes as contas, vão votar no dia 5, votem na CDU e vão ver que eles afinal não são donos de ninguém e muito menos do voto dos portugueses”, apelou o secretário-geral do PCP, para quem os três partidos do chamado arco governativo surgem convencidos de que “já têm uma no papo e outra no saco”.
Depois de declarar que é chegada a hora de “vencer hesitações”, Jerónimo argumentou que “os partidos não são todos iguais”. Um ponto de partida para elevar a coligação entre PCP e Partido Ecologista “Os Verdes” à condição de “grande força de esquerda”.
Na intervenção preparada para a noite, o dirigente comunista falou sempre àqueles “que estão indecisos porque há muito são enganados, com anos e anos de promessas vãs, e vacilam sem dar o seu voto, temendo ser enganados de novo”. Impõe-se, defendeu Jerónimo de Sousa, “não deitar nas mãos dos outros uma decisão que pesará na vida e no futuro de cada um e de todos”. É preciso, sintetizou, “optar pela CDU”.
A agricultura serviu de mote para críticas repartidas pelo PS, pelo PSD e também pelo CDS-PP. A CDU, prometeu Jerónimo de Sousa, “não esquecerá nunca” as responsabilidades destas forças políticas “na destruição da nossa agricultura”. “Como é possível que metade da superfície agrícola útil esteja hoje ocupada por pastagens permanentes?”, perguntou o secretário-geral do PCP, para de imediato denunciar a “submissão aos ditames dos grandes negócios da indústria de distribuição alimentar”: “Quanto mais engordam, mas definham a nossa agricultura e a nossa pesca”.
Assinalando que dentro de quatro anos terminam as quotas leiteiras e os direitos de produção de vinha por determinação comunitária, “sem uma palavra contra” de socialistas, social-democratas e democratas-cristãos, Jerónimo assumiu a defesa de “uma política que impeça a especulação com os preços dos fatores de produção, do adubo às sementes, passando pelas máquinas, que controle os milhares de toneladas de produtos que entram por essa fronteiras e arruínam a agricultura nacional e que impeça as margens de lucro abusivas e os prazos de pagamento insuportáveis praticados pelas grandes superfícies”.
O mapa da campanha
José Sócrates começa o primeiro dos últimos três dias de campanha em Caneças, passando depois por Torres Vedras e pela Mealhada. À noite, o líder do PS intervém num comício em Santa Maria da Feira.
Pedro Passos Coelho percorre hoje o norte do país. Espinho, Ovar, São João da Madeira, Oliveira de Azeméis e Aveiro formam o roteiro da caravana do PSD.
Já o líder do CDS-PP, Paulo Portas, vai andar por Ferreira do Alentejo, Olhão, Tavira, Portimão e Albufeira.
Francisco Louçã leva a caravana do Bloco de Esquerda a Coimbra e ao Porto, onde fará uma "arruada". Em Braga, haverá comício noturno do Bloco.
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, vai percorrer a Baixa da Banheira, a Amadora e Lisboa antes de encerrar o dia com um comício no Seixal.
Sem “querer perder tempo” com Sócrates, Pinto Balsemão procurou enumerar as qualidades que, na sua opinião, têm sido evidenciadas pelo atual presidente do PSD.
Pedro Passos Coelho, sustentou o antigo primeiro-ministro, “está preparado para governar, sabe ouvir, sabe aprender, sabe decidir e sabe guardar segredo”. E “não precisa de pôr-se em bicos de pés para se impor, a sua autoridade tranquila contrasta suficientemente, contrasta totalmente, com os truques que já não pegam do grande mas velho e usado ilusionista e que também contrastam com a dificuldade de olhar olhos nos olhos do líder do CDS”.
Já com o líder no púlpito, os militantes laranjas puderam ouvir novo endossar de culpas ao PS pela falta de dinheiro no país “para assegurar as funções básicas da sociedade”.
“Pensou o país que a democracia funcionava e que, por essa razão, nós podíamos ter em Portugal um sistema de normalidade democrática. E durante muito tempo os governantes esforçaram-se para que país pensasse que essa normalidade existia”, atalhou Passos Coelho.
“Chegou, no entanto, o dia em que o país percebeu que o Governo não tinha dinheiro para pagar salários, que o Governo não tinha dinheiro para assegurar as funções básicas da sociedade, para garantir àqueles que precisam que podiam ter mesmo saúde de acordo com as suas necessidades, que podiam mesmo ter serviços de educação de acordo com as suas necessidades, que podiam mesmo recorrer à justiça e vê-la funcionar”, continuou o líder dos social-democratas, para repetir que “os portugueses saberão julgar”.
Reclamando para o PSD a formação de “uma grande equipa para liderar Portugal”, Passos propôs-se “somar” e “juntar”, ao invés de “separar” e “dividir”. O que não significa introduzir “saladas russas” e “divisões de responsabilidades” no poder executivo. “Nós cooperaremos com toda a gente. E faremos um governo para todo o país e para todos os portugueses, não é um governo para o PSD”, temperou.
“Esqueletos no armário” do BPN e do BPP
A noite socialista passou por Leiria, onde José Sócrates quis contrapor a sua “atitude de firmeza” ao que disse ser a “atitude de ziguezague” de Pedro Passos Coelho. “Eu já tive que tomar muitas medidas difíceis. E que medidas. Medidas muito exigentes. Medidas que, posso dizer-vos, me custaram pessoalmente, medidas que colidiram com os interesses do PS, com os interesses partidários e com a minha popularidade. Mas nunca me faltou a coragem para tomar as medidas que defendia, o interesse geral”, salientou o secretário-geral socialista no comício da cidade do Lis.
Numa intervenção demorada, Sócrates insistiu na ideia de que, em seis anos de governação, não hesitou em “fazer as reformas de que o país necessitava para se modernizar”: “Tive que enfrentar muitos interesses corporativos, muitos interesses particulares. E nunca desisti, porque essa é a primeira responsabilidade do Governo, impor o interesse geral contra qualquer interesse particular ou corporativo”.
“A atitude de uma liderança não pode ser a atitude do ziguezague, de dizer hoje para desdizer amanhã. O que o país precisa é de uma liderança segura de si, firme e convicta para levar Portugal a vencer as dificuldades. Num momento destes, o país tem que ter um primeiro-ministro que não ceda à primeira divergência, ao primeiro descontentamento”, frisou o líder socialista, que acusou ainda Passos Coelho de “precisar do beneplácito” e de “uma espécie de certificação de competências” do Fundo Monetário Internacional para “se afirmar como líder político”.
A Basílio Horta, o cabeça de lista do PS por Leiria, coube a tarefa de introduzir o BPN e o BPP no menu socialista para o comício da noite de terça-feira. A anteceder o discurso de José Sócrates, o antigo dirigente do CDS aludiu aos paraísos fiscais e perguntou “para onde foi o dinheiro” dos rombos daquelas instituições bancárias. “Era engraçado se nós olhássemos bem para os off-shore, nomeadamente para o off-shore do Luxemburgo, e usássemos a expressão de que o PSD tanto gosta. Quantos esqueletos é que saíam do armário?”, questionou-se. Segundo o dirigente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), quando a Oposição acusa o Executivo socialista de ter mascarado o défice orçamental está a esquecer-se de que “5,5 mil milhões de euros do BPN, 400 milhões de euros do BPP e mil milhões de euros dos submarinos foram inscritos no Orçamento”.
“Mudou o ciclo”
Foi a partir da Região Autónoma da Madeira, no parque desportivo de Água de Pena, em Machico, que Paulo Portas deu por acabado “o tempo de ganhar eleições a fazer promessas e de governar a gastar o dinheiro que não existe”. No jantar-comício que precedeu um regresso noturno a Lisboa, o presidente do CDS-PP disse também que “começou o tempo em que cidadãos, os contribuintes, os jovens têm o direito de exigir aos políticos que saibam ganhar eleições sem promessas e saibam governar as nações poupando e não só gastando”.
Depois de repetir que já não há “ninguém disponível para aceitar sacrifícios para as famílias, sacrifícios para as empresas, sacrifícios até nas instituições de solidariedade, se continuar a existir ao lado do sacrifício que é aplicado ao povo o desperdício quando é aplicado ao Estado”, Portas propôs-se ainda dizer, “sem atacar ninguém” ou “mencionar quem quer que seja”, “uma só verdade” e “uma só ideia, seja em Lisboa, seja no Funchal, seja em Ponta Delgada”. Isto porque o CDS-PP, advogou, é “um partido de uma só nação”.
“Precisamos da força do continente, da força das regiões autónomas, da força das autarquias locais, mas clarificando que em todas estas instâncias mudou o ciclo, é preciso gerir melhor, gerir com mais cuidado, não comprometer com impostos de hoje a dívida de hoje e não comprometer com os impostos de amanhã a dívida contraída hoje”, sublinhou Paulo Portas, antes de reiterar a garantia de que o seu partido fará “tudo o que estiver ao alcance” para que “nunca mais” o país “passe por um vexame como está a passar e nunca mais nós vejamos entidades estrangeiras virem determinar opções políticas de políticas públicas em Portugal”.
Outra das ideias retomadas pelo líder do CDS-PP na Madeira foi a de que José Sócrates “já perdeu estas eleições”: “Agora, o que está em causa é saber que força quer o povo português dar ao CDS na construção de uma nova maioria”.
“Um voto inútil”
No Barreiro, Francisco Louçã procurou demolir o valor do “voto em José Sócrates”. Tratar-se-á, no vaticínio do coordenador da Comissão Política do Bloco de Esquerda, de “um voto paralisado” e “até um voto inútil”, já que o líder socialista, “esteja no governo ou esteja na oposição, fará exatamente a mesma coisa”. Ou seja, “o que decidirá e o que votará num lugar como noutro é tintim por tintim o programa da troika”.
Sem perder o tom, Louçã considerou que a escolha do PS nos boletins de voto corresponde a “um voto perdido, é até um voto arrastado pela certeza de que traz incompetência à economia portuguesa”: “É também um voto comprometido, porque José Sócrates quer uma coligação, seja com quem for, desde que seja dentro da troika. Ele não quer nenhuma ponta à esquerda, quer um voto comprometido para se comprometer com uma aliança à direita”.
“O voto em José Sócrates passou a ser um voto com um brinde. É um voto em José Sócrates para que Paulo Portas entre no governo com ele ou para que faça um acordo com Passos Coelho”, insistiu o dirigente bloquista.
Durante o comício montado na Sociedade Democrática União Barreirense “Os Franceses”, o discurso de Francisco Louçã foi pontuado por fórmulas como “sim, nós somos capazes” e “sim, nós podemos”, a evocar o slogan “yes we can”, usado por Barack Obama nas presidenciais norte-americanas de 2008. E à semelhança do que já fizera de tarde, no culminar de uma “arruada” pela Baixa de Lisboa, o coordenador do BE dirigiu uma questão a cada um dos eleitores portugueses: “Meu caro amigo, o voto é teu até domingo, mas no domingo vais dá-lo a alguém e diz-me uma coisa: o voto vai ficar bem entregue?”.
“Furem-lhes as contas”
Jerónimo de Sousa encerrou a jornada de campanha de terça-feira com um comício em Beja, onde procurou exortar os eleitores indecisos e “enganados” a mostrarem a PS, PSD e CDS-PP que não são “donos do voto dos portugueses”. “Furem-lhes as contas, vão votar no dia 5, votem na CDU e vão ver que eles afinal não são donos de ninguém e muito menos do voto dos portugueses”, apelou o secretário-geral do PCP, para quem os três partidos do chamado arco governativo surgem convencidos de que “já têm uma no papo e outra no saco”.
Depois de declarar que é chegada a hora de “vencer hesitações”, Jerónimo argumentou que “os partidos não são todos iguais”. Um ponto de partida para elevar a coligação entre PCP e Partido Ecologista “Os Verdes” à condição de “grande força de esquerda”.
Na intervenção preparada para a noite, o dirigente comunista falou sempre àqueles “que estão indecisos porque há muito são enganados, com anos e anos de promessas vãs, e vacilam sem dar o seu voto, temendo ser enganados de novo”. Impõe-se, defendeu Jerónimo de Sousa, “não deitar nas mãos dos outros uma decisão que pesará na vida e no futuro de cada um e de todos”. É preciso, sintetizou, “optar pela CDU”.
A agricultura serviu de mote para críticas repartidas pelo PS, pelo PSD e também pelo CDS-PP. A CDU, prometeu Jerónimo de Sousa, “não esquecerá nunca” as responsabilidades destas forças políticas “na destruição da nossa agricultura”. “Como é possível que metade da superfície agrícola útil esteja hoje ocupada por pastagens permanentes?”, perguntou o secretário-geral do PCP, para de imediato denunciar a “submissão aos ditames dos grandes negócios da indústria de distribuição alimentar”: “Quanto mais engordam, mas definham a nossa agricultura e a nossa pesca”.
Assinalando que dentro de quatro anos terminam as quotas leiteiras e os direitos de produção de vinha por determinação comunitária, “sem uma palavra contra” de socialistas, social-democratas e democratas-cristãos, Jerónimo assumiu a defesa de “uma política que impeça a especulação com os preços dos fatores de produção, do adubo às sementes, passando pelas máquinas, que controle os milhares de toneladas de produtos que entram por essa fronteiras e arruínam a agricultura nacional e que impeça as margens de lucro abusivas e os prazos de pagamento insuportáveis praticados pelas grandes superfícies”.