"Não fui um primeiro-ministro corrupto", afirma Sócrates

por RTP

Foto: António Pedro Santos - Lusa

Acusado de 31 crimes, José Sócrates garantiu esta noite, em entrevista à RTP, que honrou o cargo de primeiro-ministro "com total honestidade e fidelidade".

De acordo com o antigo-primeiro-ministro, acusado esta semana de 31 crimes, entre os quais corrupção passiva enquanto detentor de cargo público, "grande parte desta acusação não passa de insultos do Ministério Público".

"O embuste inicial do Ministério Público é que eu tinha uma fortuna escondida. Com base em que prova o Ministério Público pode fazer uma afirmação destas? Nem nestas folhas nem em nenhum documento encontrará alguém a dizer que o dinheiro é de facto do engenheiro José Sócrates", argumentou.

Ainda segundo Sócrates, aquilo que o Ministério Público fez foi "uma perseguição a um alvo", até porque "escondeu que nenhuma conta tinha o nome de José Sócrates".

A identificação dos beneficiários das contas de Carlos Santos Silva, outro dos acusados na Operação Marquês, mostra apenas um beneficiáriom, o próprio Carlos Santos Silva, frisou José Sócrates.
Despacho de acusação
O Ministério Público acusou na passada quarta-feira José Sócrates da prática de 31 crimes, entre os quais corrupção passiva de titular de cargo político, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e fraude fiscal qualificada.

A acusação alega que o antigo governante recebeu cerca de 34 milhões de euros, entre 2006 e 2015, a troco de favorecimentos a interesses do então banqueiro Ricardo Salgado no Grupo Espírito Santo e na PT, assim como por garantir a concessão de financiamento da Caixa Geral de Depósitos ao empreendimento Vale do Lobo, no Algarve, e favorecer negócios do Grupo Lena.

Foram também acusados no âmbito deste processo da Operação Marquês o empresário Carlos Santos Silva, amigo do antigo primeiro-ministro e seu alegado testa de ferro, o antigo homem forte do BES Ricardo Salgado, os antigos administradores da PT Henrique Granadeiro e Zeinal Bava e o ex-ministro e antigo administrador da Caixa Geral de Depósitos Armando Vara.

A acusação deduz um pedido de indemnização cível a favor do Estado de 58 milhões de euros a pagar por José Sócrates, Ricardo Salgado, Carlos Santos Silva, Armando Vara, Henrique Granadeiro e Zeinal Bava, entre outros arguidos.

Na Operação Marquês foram acusados 28 arguidos, 19 pessoas e nove empresas, por um total de 188 crimes.


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