Nome do próximo governador do Banco de Portugal sobre a mesa do Conselho de Ministros

O Governo deve anunciar esta quinta-feira o nome do próximo governador do Banco de Portugal, após a reunião do Conselho de Ministros. Mário Centeno, cujo mandato terminou no passado fim de semana, mostrou-se disponível para permanecer no cargo, mas a recondução não é expectável.

Carlos Santos Neves - RTP /
O mandato do governador do Banco de Portugal tem uma duração de cinco anos RTP

Ao longo do mandato de Centeno, houve episódios de tensão entre o governador e o Executivo. Entretanto, o Governo da Aliança Democrática decidiu pedir uma auditoria à Inspeção Geral de Finanças sobre o processo de construção do novo edifício sede do Banco de Portugal em Lisboa. O mandato do governador do Banco de Portugal tem uma duração de cinco anos.


Ouvido pela agência Lusa, o vice-presidente do grupo parlamentar do PS, António Mendonça Mendes, instou na quarta-feira o Governo a tomar a decisão política da escolha do governador do Banco de Portugal sem "manobras de distração", referindo-se à auditoria, pedido que classificou de "muito irónico".

"Da parte do PS estaremos sempre do lado de toda a transparência, de todos os esclarecimentos, mas nunca iremos pactuar com falhas de memória seletiva e muito menos com manobras de distração que querem apenas criar um contexto justificativo de tomadas de decisões que o Governo já deveria ter tomado em relação ao Banco de Portugal", quis vincar o dirigente socialista.

No domingo, o primeiro-ministro indicava que o Governo faria o anúncio da sua decisão na sequência da reunião do Conselho de Ministros.

Questionado pelos jornalistas, Luís Montenegro assinalou que “o perfil do governador do Banco de Portugal não muda com o tempo”: “Uma pessoa competente, uma pessoa que garanta tudo aquilo que é o cumprimento das funções de um banco central, naquilo que é a arquitetura que hoje à escala europeia também está definida”.

Também esta semana, o líder do Chega teceu críticas a Mário Centeno, apoiando-se na notícia, avançada pelo jornal Eco, de que Álvaro Novo, atual diretor do gabinete de apoio ao governador do Banco de Portugal, teve o contrato renovado no momento em que o mandato do governador chega ao fim.O governador é indicado pelo Governo. Todavia, terá ainda de passar pelo crivo de uma audição no Parlamento. Tendo em conta que as comissões só trabalham até sexta-feira, este processo deverá ser remetido para setembro.

"O Mário Centeno vai sair, provavelmente amanhã, do Banco de Portugal. O tal que era ministro das Finanças e deixou de ser para ser governador de uma entidade independente chamada Banco de Portugal. Vejam a independência. Ali ficou, pela mão do PS e ali se manteve já com o Governo do PSD", atalhou o líder do partido de extrema-direita.

"Sabem o que é que hoje e ontem o Mário Centeno se preocupou em fazer? Não foi tomar nenhuma decisão que favorecesse a economia portuguesa ou libertar um estudo sobre a corrupção em Portugal, ou sobre os salários ou sobre as pensões. Foi voltar a nomear o seu chefe de gabinete, garantindo o seu salário para os próximos anos neste país e até promovendo a mulher de um antigo secretário de Estado do PS", acentuou.

Por sua vez, a Iniciativa Liberal veio defender que o governador do Banco de Portugal seja escolhido por via de um concurso público internacional e que o cargo não possa ser exercido por quem tenha estado em funções governativas nos três anos anteriores.

Mário Centeno é governador do Banco de Portugal desde 20 de julho de 2020. Foi uma escolha do Governo socialista de António Costa, após ter desempenhado o cargo de ministro das Finanças no XXI Governo Constitucional, de 2015 a 2019, e no XXII Governo, de 2019 a 2020.

c/ Lusa
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