Mariana Mortágua culpa o PS por ter aberto a porta à extrema-direita. Admite, no entanto, acordos com Pedro Nuno Santos com condições e assinados. No documento quer ver o acesso a todos à habitação, o aumento de salários, e o reconhecimento dos direitos de quem trabalha por turnos. O BE na esquina da política olha também para a esquerda e admite coligações autárquicas com o Livre.
O olhar está focado. A voz é hibrida – firme e com laivos de ternura.
Não, Mariana Mortágua não tem receio das ruas. Garante que é abordada sobretudo por mulheres, por pessoas que reconhecem que foi o partido que coordena desde 2023 que consagrou direitos no feminino. E diz que sente esse apoio todos os dias em que leva o partido à rua mesmo esta semana quando realizou uma sessão porta à porta, em Leiria, sem o olhar dos jornalistas.
Em relação a um possível acordo com o PS, esclarece, já o disse, estar disponível, mas mediante condições. E um acordo escrito.
Na mesma conversa, culpa o PS por ter aberto a porta ao advento da extrema-direita em Portugal, porque não olhou para os pobres, diz, porque não deu condições para que os salários aumentassem. Em suma, os socialistas contribuíram para o descontentamento: baía fértil para o partido de André Ventura.
Mortágua, 38 anos, economista, a coordenadora do BE, que então deputada, afrontou os “donos disto tudo” na comissão de inquérito ao BES e sobre quem Louçã uma vez disse que daria uma excelente ministra das Finanças, insiste numa ideia. E repete. Está na altura de a maioria deixar de votar em Governos que representam os interesses de uma minoria privilegiada.
E de novo, a resposta pelo avesso: a questão não é um eventual fracasso da eleição de três históricos, Louçã por Braga, Luís Fazenda por Aveiro e Fernando Rosas por Leiria, três distritos onde o BE perdeu deputados.
Não teme a concorrência do Livre liderado pelo antigo eurodeputado eleito pelo Bloco Rui Tavares e por Isabel Mendes Lopes. “Somos partidos diferentes”, pontua, distâncias que hão de encurtar-se, em alguns casos, Livre e Bloco concorrem coligados às autárquicas deste ano.
Por fim, um esclarecimento. Mariana Mortágua sublinha que o BE cometeu um erro em 2022 ao despedir algumas funcionárias que ainda amamentavam, por telefone, um canal que admite ter sido inadequado.
A sete dias do fim da campanha, garante que a esquerda está cheia de energia para melhorar as condições de vida da maioria dos portugueses. E para empurrar a extrema-direita para o “balde do lixo da História”.