Partido recupera liderança no poder local e Montenegro recorda tempos de Cavaco
O PSD recuperou hoje a liderança no poder local, que tinha perdido em 2013, com Luís Montenegro a comparar a sua `perfomance` eleitoral à frente do partido com os tempos de Cavaco Silva.
Ainda sem resultados definitivos, o PSD estima ter vencido, sozinho e em coligações, em 134 ou 135 câmaras - Setúbal, por exemplo, não está fechado -, mais do que o PS, somando "mais votos, mais mandatos, mais presidentes de junta e de Câmara", o que lhe permitirá reclamar a presidência da Associação Nacional de Municípios Portugueses e a Associação Nacional das Freguesias.
Depois de em 2013 e 2017, sob a liderança de Pedro Passos Coelho, o PSD ter registado os piores resultados de sempre em eleições locais - conseguindo a presidência de 106 e 98 câmaras, sucessivamente -, em 2021, já com a direção de Rui Rio, registou-se uma inversão de tendência.
Há quatro anos, o PSD tinha vencido em 114 autarquias (72 sozinho e 42 em coligação), e encurtou a diferença para os socialistas de 63 para 35 câmaras, que venceu 149.
Hoje, conseguiu alterar essa relação de forças com os socialistas, o que o presidente do PSD e também primeiro-ministro, Luís Montenegro, considerou um sinal de confiança reforçada no rumo que o partido tem dado na liderança do país e das duas Regiões Autónomas.
No entanto, o PSD perdeu capitais de distrito em relação há quatro anos (lidera agora sete, contra nove há quatro anos): ficou sem os bastiões Bragança e Viseu e câmaras que detinha como Coimbra e Faro; em contrapartida, ganhou Beja pela primeira vez e recuperou o Porto, mantendo Aveiro, Braga, Lisboa, Portalegre e Santarém.
O PSD ganhou os cinco municípios com mais população no país -- Lisboa, Porto, Cascais, recuperando também Vila Nova de Gaia e Sintra -, vencendo também no bastião socialista Guimarães.
O objetivo para estas eleições - recuperar a liderança da ANMP e da Anafre -- estava traçado desde que Luís Montenegro assumiu a liderança do PSD, em 2022, que o recordou esta noite, deixando vários desafios à comunicação social.
"Convido-vos a fazer a análise objetiva da performance eleitoral do PSD desde que assumi a liderança do partido em 2022", disse, recordando que o partido está no Governo da República e das Regiões Autónomas.
Só faltava voltar a ser o maior partido do poder local: "Convido-vos a procurarem nos vossos apontamentos o último primeiro-ministro do PSD que venceu eleições autárquicas no exercício da função", disse, numa referência implícita a Aníbal Cavaco Silva, em 1985.
Nas mais recentes vitórias autárquicas do PSD (em 2001, 2005 e 2009), o partido estava na oposição.
Na noite eleitoral, Montenegro esclareceu um tema que tinha deixado em aberto durante a campanha, dizendo que não queria "causar ruído" antes do voto dos portugueses: a governabilidade nos locais onde o PSD venceu sem maioria absoluta (casos, por exemplo, do Porto ou de Cascais).
Hoje, foi mais claro, e entregou a responsabilidade de futuros acordos pós-eleitorais com o Chega para cada eleito local, dizendo que este partido também já colaborou em autarquias socialistas e comunistas.
"Não vale a pena lançarem um estigma sobre o PSD que é exatamente igual àquele que se deve lançar a todos os outros partidos", disse.
Desde 2009 que o PSD não era o maior partido autárquico - nesse ano conquistou 149 autarquias-, liderança que detinha desde 2001 e, antes disso, só tinha conseguido em 1985.