Passos anuncia Governo preparado para honrar acordo

por RTP
"Não descansaremos enquanto não pusermos Portugal a crescer", afirmou Passos Coelho Tiago Petinga, Lusa

A escassos metros da sala de festas montada no Marquês de Pombal, o futuro primeiro-ministro, Passos Coelho, fez o discurso de vitória no Hotel Sana, deixando a garantia de que o seu Executivo tudo fará para honrar o compromisso assinado com a troika. Mas o PSD não conseguiu a maioria absoluta e uma equação acaba assim por originar uma incógnita que não ficou respondida: em que moldes contam os sociais-democratas com o CDS de Paulo Portas.

Ao final da noite das legislativas deste domingo concretizaram-se as projeções anunciadas logo após o fecho das urnas em todo o espaço português: o PSD tinha assegurada uma maioria acima dos 38 por cento, o PS ficava abaixo da fasquia dos 30 por cento e uma maioria absoluta apenas seria assegurada com uma aliança entre sociais-democratas e democratas-cristãos.

No discurso de vitória proferido a partir da sala do  Hotel Sana, Passos Coelho procurou afastar a euforia dos triunfalismos para incidir na ideia de que o futuro é difícil, pelo que é fundamental ter todos os portugueses unidos em tornos desse objetivo que é o cumprimento cabal dos compromissos assumidos com a troika (FMI – Fundo Monetário Internacional, CE - Comissão Europeia e UE – União Europeia).

A escassas dezenas de metros da sala de festas montada pelos sociais-democratas no Marquês de Pombal, o líder laranja não deixou de dirigir aos seus apoiantes "uma saudação muito calorosa".

Estendendo essa saudação a todo o país, Passos Coelho rapidamente assumiria uma atitude pragmática para pedir aos portugueses que se unissem em torno desse objetivo comum para restituir a confiança tanto aos mercados como à própria nação. Para isso, prometeu um Executivo de "estabilidade" para quatro anos e "trabalho incansável" com vista a honrar os compromissos assumidos com a troika.

Uma economia forte em nome do Estado Social
Apostando no facto de que "todos os partidos, todos aqueles que foram a votos não deixarão de respeitar aquela que foi a vontade clara e inequívoca do povo - vontade de mudança sobretudo vinculada através do voto no PSD", o presidente do PSD apontou o crescimento da economia portuguesa ao serviço da defesa do Estado Social, da justiça social e de uma melhor distribuição da riqueza em Portugal como uma tarefa que pretende assumir durante os próximos anos de legislatura.

"Não descansaremos enquanto não pusermos Portugal a crescer. Sabemos bem que essa é a única forma verdadeira e duradoura de defender o nosso Estado Social, de poder realizar a justiça social para quem dela precisa e para poder garantir uma melhor distribuição do rendimento e da riqueza no nosso país", apontou, perante uma plateia de notáveis.

Passos Coelho dedicaria uma parte substancial do seu discurso de vitória àqueles que atravessam mais dificuldades, deixando a promessa de que os portugueses “que vivem situações mais difíceis” terão prioridade na sua governação.

"Os desempregados, aqueles a quem o Estado hoje tem menos condições para ajudar, aqueles que vivem hoje com piores perspetivas de futuro, aqueles que têm a seu cargo idosos, crianças, cidadãos com deficiência, a todos esses quero dizer: será em todos eles que pensaremos todos os dias e que nortearemos a nossa intervenção no Governo para suavizar, para os apoiar numa altura de tantas dificuldades", garantiu.

No mesmo sentido esgrimiu argumentos no sentido de garantir que buscará uma estratégia para que esses portugueses que vivem "em circunstâncias mais difíceis" não encontrem obstáculos no acesso a cuidados de saúde, ao mesmo tempo que admitia que há custos de saúde que terão de ser repercutidos nos utentes. O que, lembrou, está já acordado com a troika.

"Fazer mais e melhor (em todas as áreas sociais) com menos", será o objetivo do próximo governo, que – garante Passos Coelho - fará o que estiver ao seu alcance para que àqueles que "mais precisam, aqueles cujos rendimentos são mais baixos, sejam eles pensionistas ou reformados, desempregados, todos aqueles que por força dos factos da vida se encontram em circunstâncias mais difíceis", não se "imponha qualquer barreira no acesso aos cuidados de saúde ou à educação ou ao apoio social".

Falhada maioria absoluta do PSD entra em cena o CDS
Confirmado o facto de o PSD ter, apesar da vitória esmagadora sobre o PS, ter falhado a maioria absoluta (assegurada com 116 deputados), o novo primeiro-ministro português já estará a fazer contas a uma coligação com o CDS-PP de Paulo Portas, que assegurou esta noite a melhor votação em três décadas.

Com Passos a clarificar numa fase de resposta às questões dos jornalistas que o PSD não está disponível para governar com os socialistas - “para evitar fazer uma espécie de salada russa no Governo" -, a negociação com os democratas-cristãos deverá estar para breve no sentido de assegurar uma coligação que permita implementar o difícil pacote desenhado para resgatar Portugal da quase bancarrota.

Da parte de Paulo Portas, a disponibilidade para a coligação acaba por ser sublinhada pelo líder centrista quando refere que, apesar da vitória do PSD, os portugueses não quiseram dar uma maioria absoluta a um só partido e sublinha o inevitável peso do seu partido na futura governação.

Apontando a "disposição para construir uma maioria para quatro anos", Portas argumentava, a partir do Caldas, o que já havia dito "em campanha eleitoral": "Portugal precisava de um Governo forte, de um Governo dos melhores entre os melhores e com apoio maioritário”.
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