Pedro Silva Pereira diz que o PS nunca cortaria os subsídios de férias e de Natal do setor público

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Lisboa, 04 nov (Lusa) - O ex-ministro Pedro Silva Pereira defendeu quinta-feira à noite o voto contra o Orçamento, frisando que se o PS estivesse no Governo nunca cortaria os subsídios de férias e de natal dos trabalhadores do setor público.

Pedro Silva Pereira, considerado o braço-direito do ex-primeiro-ministro José Sócrates, foi um dos 22 membros da Comissão Política do PS que votaram contra a proposta da direção do seu partido no sentido de os socialistas se absterem perante a proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2012.

Na sua intervenção, de acordo com dirigentes socialistas contactados pela agência Lusa, o ex-ministro da Presidência traçou uma linha de demarcação entre o atual executivo PSD/CDS e os governos socialistas.

Pedro Silva Pereira considerou que a abstenção apenas deveria constituir o sentido de voto do PS se o Governo aceitasse alterações substanciais à proposta de Orçamento, sustentando, depois, que eram possíveis medidas de fundo alternativas para Portugal cumprir no final de 2012 o défice de quatro por cento, tal como prevê o acordo celebrado com a troika.

Exemplificando diferenças face ao atual executivo, Pedro Silva Pereira sustentou que, se o PS estivesse no Governo, nunca cortaria os subsídios de férias e de natal dos trabalhadores do setor público durante o período de vigência do programa de assistência financeira a Portugal.

Pelo voto contra, pronunciaram-se dois dos três elementos do grupo de trabalho do PS designado para analisar a proposta do Governo de Orçamento: Os deputados Pedro Nuno Santos e João Galamba.

Pedro Nuno Santos, vice-presidente da bancada do PS, disse que era favorável ao voto contra "por uma questão de responsabilidade", já que o caminho escolhido pelo Governo "não permite cumprir os objetivos de consolidação orçamental de uma forma sustentada".

No mesmo sentido, João Galamba, coordenador da bancada socialista para as questões orçamentais, considerou que a proposta do Governo abusa da austeridade e contraria os princípios presentes no memorando da troika.

No plano político, o deputado e ex-líder da JS, Duarte Cordeiro, advertiu a direção do seu partido sobre a existência de "expetativas por parte de muitos portugueses" em relação à posição que os socialistas vão assumir no Orçamento do próximo ano.

"Muitos portugueses esperavam que o PS equilibrasse o Orçamento, mas isso é difícil que possa acontecer, porque se está a optar por uma abstenção sem condições", disse, numa alusão à proposta do secretário-geral do PS, António José Seguro, no sentido de fazer com que os socialistas se abstenham inclusivamente na votação final global da proposta orçamental.

Duarte Cordeiro alertou ainda que a abstenção do PS neste Orçamento pode fragilizar a posição deste partido em 2014, sobretudo no caso de o Governo optar por não repor os subsídios de férias e de natal aos trabalhadores do setor público e aos pensionistas.

"Essas pessoas não vão esquecer que o PS não votou contra este Orçamento", avisou.

Fizeram ainda intervenções a favor do voto contra os deputados Ana Catarina Mendes, José Lello, Eduardo Cabrita, André Figueiredo, Fernando Serrasqueiro, Sérgio Sousa Pinto, Renato Sampaio, Isabel Santos e Sónia Fertuzinhos.

Segundo um dirigente socialista ligado a este grupo, "todos os deputados que defenderam o voto contra o Orçamento estão agora disponíveis para cumprir a disciplina de voto, abstendo-se na votação.

Em relação ao sentido de voto e ao sentido da intervenção do ex-ministro Vieira da Silva circulam interpretações distintas entre os membros da Comissão Política do PS contactados pela agência Lusa.

Uns dizem que votou a favor da abstenção, outros negam e outros ainda dizem que não viram o ex-ministro da Economia na sala a votar. No final da reunião, Vieira da Silva também não esclareceu os jornalistas em que sentido votou.

Também o teor da sua intervenção na reunião suscitou dúvidas entre os dirigente socialistas, porque o setor defensor do voto contra identificou nela críticas à atual direção de António José Seguro, mas os apoiantes do secretário-geral do PS consideraram que o ex-ministro da Economia preconizou uma abstenção condicionada ao sucesso de negociações com o Governo na fase de debate na especialidade do Orçamento.

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