Política
Presidenciais
Polémica política recrudesce
O ministro da Defesa Augusto Santos Silva "malhou" hoje duramente sobre a direita, considerando-a tão ansiosa de ver o FMI vir para Portugal que estaria "salivando" perante essa eventualidade. Mas além do ministro, também os candidatos presidenciais vieram à liça numa polémica suscitada pelas declarações do presidente do PSD, Pedro Passos Coelho.
"A direita portuguesa parece que saliva com a simples possibilidade de
tirar proventos partidários de uma eventual entrada do FMI em Portugal.
Quem os ouviu e viu [no domingo] tão animados com essa possibilidade
percebe bem que eles estão disponíveis para pôr o interesse partidário
acima do nacional", afirmou Santos Silva, segundo citação da agência Lusa, num almoço de apoiantes de Manuel Alegre em Santarém. Aí se encontravam também presentes, entre outras personalidades, a ex-deputada do PCP Luísa Mesquita e o deputado bloquista José Guilherme Gusmão.
Manuel Alegre: direita "impaciente" por chegar ao poder
No mesmo encontro de apoiantes da sua candidatura, Manuel Alegre também verberou uma eventual entrada do FMI em Portugal. Para ele, e também segundo citação da Lusa, o aumento dos juros da dívida portuguesa não deve ser aceite com naturalidade: "Não se trata de um funcionamento de mercados, trata-se de uma ação especulativa que tem um objetivo: forçar a entrada do FMI em Portugal. Isto vem de fora mas tem cumplicidades cá dentro".
E, aludindo como Santos Silva à entrevista de Passos Coelho, explicou-se: "Estas cumplicidades não resultam só da pressa de ir para o poder e da impaciência política de chegada ao poder; [resultam] do facto de saberem que, se o FMI entrar em Portugal, vai aplicar o programa radical que eles não têm a coragem de apresentar aos portugueses".
Alegre desafiou também o presidente cessante e recandidato a suspender o tabu que no fim-de-semana justificou com as queijadas de Sintra e a pronunciar-se sobre a momentosa questão: "Seria bom que o candidato Cavaco Silva, que é professor de Finanças e economista, explicasse aos portugueses o que é que significaria, neste momento, a entrada do FMI em Portugal".
Fernando Nobre: se vier o FMI, "ajuizar no momento"
Entretanto, também o candidato presidencial Fernando Nobre se demarcava do conteúdo da entrevista de Passos Coelho, recusando-se a estabelecer uma equação automática entre a entrada em Portugal do FMI e a demissão do Governo. Segundo Nobre, em declarações emitidas por ocasião de um almoço com apoiantes em Viseu, "o governo tem apoio na Assembleia da República" e portanto "caberá ao Presidente da República ajuizar no momento" se deve demiti-lo. E explicou o que faria: "Se for eu, ajuizarei no momento, conhecedor então dos dossiês reais da nossa economia".
Embora recusasse identificar-se com a posição de Passos Coelho, Nobre tão-pouco quis passar um cheque em branco ao Governo: "Se entender que o país está numa posição de impasse em relação ao futuro dos portugueses, não hesitarei em atuar quando tiver de atuar, seja com este ou com qualquer outro governo".
Uma coisa parece certa: Fernando Nobre não é dos que "salivam" com a perspectiva de acolher os comissários do FMI. Para ele, parece estar garantido que, "se o FMI entrar em Portugal, antes de mais entendo que todos falhámos" e que isso trará "mais cortes radicais na despesa do Estado e seguramente despedimentos na Função Pública".
Francisco Lopes: "banalização da entrada do FMI"
Já o candidato comunista Francisco Lopes considerou, por ocasião de uma visita à AutoEuropa, que "o problema de Portugal não é a questão de o Governo se demitir ou não se demitir, mas é a natureza das políticas e do rumo que está a ser feito". A isto acrescentou que "há uma linha de banalização da entrada do FMI, é quase a convocação do FMI em socorro da sua própria política, da do PSD e também do PS e do candidato Cavaco Silva e dos restantes, que deram o aval ao Orçamento do Estado".
Para o candidato apoiado pelo PCP, o problema começa antes de uma eventual vinda do FMI para Portugal e tem uma das suas expressões mais drásticas na aprovação do Orçamento de Estado para 2011: "Não é preciso este Orçamento, que é de desastre, de recessão, de injustiça social".
À margem das presidencais: Menezes de passo trocado
Dos arraiais da direita, levantou-se entretanto a voz desalinhada do presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, Luís Filipe Menezes, que em declarações recolhidas pela Lusa em Madrid comentou que "quem nos últimos dias lançou essa notícia [da entrada do FMI em Portugal] como uma fatalidade foi o Der Spiegel. Tem sido muito a França e Alemanha a empurrar nesse sentido". E lembrou que "a Alemanha lava as mãos do que são dificuldades financeiras do sul [da Europa]".
Explicando-se mais detalhadamente, afirmou também: A Europa dos países fortes foi responsável por dizimar a economia dos países do sul, trocando migalhas de autoestradas pela destruição da agricultura, das pescas, da indústria, mas que continua a desejar que sejamos consumidores exclusivos dos seus produtos", disse, considerando que esta é "uma Europa que precisa de mudar de vida".
Menezes teceu seguidamente um rasgado elogio à denúncia feita pelo ex-primieiro-ministro socialista, Felipe González, contra os rumores da intervenção do FMI. Segundo Menezes, as afirmações de González são "a opinião de quem acha que esta Europa não tem rumo, que é total irresponsabilidade esta política à volta do euro, que não aposta na coesão da Europa". E elogiou o antigo chefe do Governo espanhol como uma voz de "uma outra Europa, que tinha rumo e projeto".
Manuel Alegre: direita "impaciente" por chegar ao poder
No mesmo encontro de apoiantes da sua candidatura, Manuel Alegre também verberou uma eventual entrada do FMI em Portugal. Para ele, e também segundo citação da Lusa, o aumento dos juros da dívida portuguesa não deve ser aceite com naturalidade: "Não se trata de um funcionamento de mercados, trata-se de uma ação especulativa que tem um objetivo: forçar a entrada do FMI em Portugal. Isto vem de fora mas tem cumplicidades cá dentro".
E, aludindo como Santos Silva à entrevista de Passos Coelho, explicou-se: "Estas cumplicidades não resultam só da pressa de ir para o poder e da impaciência política de chegada ao poder; [resultam] do facto de saberem que, se o FMI entrar em Portugal, vai aplicar o programa radical que eles não têm a coragem de apresentar aos portugueses".
Alegre desafiou também o presidente cessante e recandidato a suspender o tabu que no fim-de-semana justificou com as queijadas de Sintra e a pronunciar-se sobre a momentosa questão: "Seria bom que o candidato Cavaco Silva, que é professor de Finanças e economista, explicasse aos portugueses o que é que significaria, neste momento, a entrada do FMI em Portugal".
Fernando Nobre: se vier o FMI, "ajuizar no momento"
Entretanto, também o candidato presidencial Fernando Nobre se demarcava do conteúdo da entrevista de Passos Coelho, recusando-se a estabelecer uma equação automática entre a entrada em Portugal do FMI e a demissão do Governo. Segundo Nobre, em declarações emitidas por ocasião de um almoço com apoiantes em Viseu, "o governo tem apoio na Assembleia da República" e portanto "caberá ao Presidente da República ajuizar no momento" se deve demiti-lo. E explicou o que faria: "Se for eu, ajuizarei no momento, conhecedor então dos dossiês reais da nossa economia".
Embora recusasse identificar-se com a posição de Passos Coelho, Nobre tão-pouco quis passar um cheque em branco ao Governo: "Se entender que o país está numa posição de impasse em relação ao futuro dos portugueses, não hesitarei em atuar quando tiver de atuar, seja com este ou com qualquer outro governo".
Uma coisa parece certa: Fernando Nobre não é dos que "salivam" com a perspectiva de acolher os comissários do FMI. Para ele, parece estar garantido que, "se o FMI entrar em Portugal, antes de mais entendo que todos falhámos" e que isso trará "mais cortes radicais na despesa do Estado e seguramente despedimentos na Função Pública".
Francisco Lopes: "banalização da entrada do FMI"
Já o candidato comunista Francisco Lopes considerou, por ocasião de uma visita à AutoEuropa, que "o problema de Portugal não é a questão de o Governo se demitir ou não se demitir, mas é a natureza das políticas e do rumo que está a ser feito". A isto acrescentou que "há uma linha de banalização da entrada do FMI, é quase a convocação do FMI em socorro da sua própria política, da do PSD e também do PS e do candidato Cavaco Silva e dos restantes, que deram o aval ao Orçamento do Estado".
Para o candidato apoiado pelo PCP, o problema começa antes de uma eventual vinda do FMI para Portugal e tem uma das suas expressões mais drásticas na aprovação do Orçamento de Estado para 2011: "Não é preciso este Orçamento, que é de desastre, de recessão, de injustiça social".
À margem das presidencais: Menezes de passo trocado
Dos arraiais da direita, levantou-se entretanto a voz desalinhada do presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, Luís Filipe Menezes, que em declarações recolhidas pela Lusa em Madrid comentou que "quem nos últimos dias lançou essa notícia [da entrada do FMI em Portugal] como uma fatalidade foi o Der Spiegel. Tem sido muito a França e Alemanha a empurrar nesse sentido". E lembrou que "a Alemanha lava as mãos do que são dificuldades financeiras do sul [da Europa]".
Explicando-se mais detalhadamente, afirmou também: A Europa dos países fortes foi responsável por dizimar a economia dos países do sul, trocando migalhas de autoestradas pela destruição da agricultura, das pescas, da indústria, mas que continua a desejar que sejamos consumidores exclusivos dos seus produtos", disse, considerando que esta é "uma Europa que precisa de mudar de vida".
Menezes teceu seguidamente um rasgado elogio à denúncia feita pelo ex-primieiro-ministro socialista, Felipe González, contra os rumores da intervenção do FMI. Segundo Menezes, as afirmações de González são "a opinião de quem acha que esta Europa não tem rumo, que é total irresponsabilidade esta política à volta do euro, que não aposta na coesão da Europa". E elogiou o antigo chefe do Governo espanhol como uma voz de "uma outra Europa, que tinha rumo e projeto".