Portas convoca direcção do CDS para discutir austeridade

O líder do CDS-PP nada dirá sobre as novas medidas de austeridade até reunir a Comissão Política e o Conselho Nacional do partido. Mas prometeu hoje convocá-los. A opoisção não poupa, entretanto Paulo Portas por um silêncio que considera ensurdecedor, enquanto se vão pronunciando personalidades da área democrata-cristã, como Bagão Félix.

RTP /
O líder do CDS, Paulo Portas Manuel de Almeida, Lusa

O líder do segundo partido da coligação e chefe da diplomacia, nas suas recentes deslocações ao estrangeiro recusara sempre pronunciar-se e fundamentara o silêncio com a recusa a falar, no estrangeiro, sobre polémicas portuguesas. Na Venezuela, afirmou também, segundo citação da Agência Lusa: "A razão pela qual eu tenho sido prudente em declarações públicas chama-se patriotismo. Portugal foi avaliado pelos seus credores e como sabem não temos ainda condições para vivermos com independência desses credores".

Hoje, contudo, ao entrar para uma reunião da Comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros, invocou um argumento diferente: "A meu ver, fazer declarações públicas enquanto decorre uma avaliação sobre o nosso país cria um ato menos responsável”.

Mas Portas não deixou os jornalistas completamente sem alternativa e acrescentou: "Terminada a avaliação, e sabendo que o trabalho em concreto vai até à apresentação do Orçamento do Estado, eu convocarei hoje a Comissão Política Nacional e pedirei a convocação do Conselho Nacional do CDS porque quero ouvir o partido, os seus militantes, os seus dirigentes. Uma vez ouvido, farei a súmula e direi o que penso”.

Entretanto, os partidos da oposição não esperam por uma convocatória que, na sua óptica, já tarda mais do que o devido e submetem o líder do CDS a um fogo cerrado. O deputado bloquista Pedro Filipe Soares acusa: "Pode dizer que este não é o lugar para debater estes assuntos mas, para si, não há lugares nenhuns”. E considera que o silêncio de Paulo Portas “é um silêncio fúnebre”, pela morte dos compromissos que o CDS tinha assumido com a defesa dos contribuintes.

Ainda segundo Pedro Filipe Soares, “em julho de 2012 o ministro de Estado (Paulo Portas) afirmou que os impostos atingiram o seu limite. Mas, o que vale esta declaração? Não era de esperar que fugisse à responsabilidade de responder".

Também na Comissão dos Negócios Estrangeiros, Ferro Rodrigues, do PS, interpelou Portas de forma incisiva: "O ministro concorda com estas medidas? E, se é assim, como é que o ministro que lutou contra o aumento dos impostos vai usar o seu peso político para travar esta loucura para a economia portuguesa?"
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