Presidenciais 2026. Seguro apresenta candidatura a Belém que "não é partidária nem nunca será"
O antigo líder do PS apresentou este domingo, nas Caldas da Rainha, a candidatura à presidente da República. Vincou que não lidera "uma candidatura partidária" e que está longe dos "joguinhos de poder". António José Seguro apresentou num longo discurso as suas linhas orientadoras, considerando que uma revisão constitucional não é prioritária neste momento e que o chumbo de um Orçamento do Estado não é motivo automático para a dissolução da Assembleia da República.
"Afastei-me quando podia dividir, volto agora para unir". Esta foi uma das frases mais aplaudidas na apresentação da candidatura do António José Seguro à presidência da República, esta tarde, no Centro Cultural de Congressos, nas Caldas da Rainha.
Quase onze anos depois das eleições diretas do PS, em que António Costa derrotou o então secretário-geral do partido, António José Seguro está de volta à política ativa.
Na apresentação da candidatura, afirmou que pretende chegar ao Palácio de Belém "livre, vivo e sem amarras" e que está longe da "política tradicional" e "joguinhos de poder".
"Esta candidatura não é partidária nem nunca será", asseverou. O antigo líder socialista já recebeu o apoio de várias figuras do PS, mas o partido ainda não determinou que candidato vai apoiar nas eleições presidenciais de 2026.
Na apresentação da candidatura estiveram nomes do PS como a antiga ministra da Saúde, Maria de Belém, o eurodeputado Francisco Assis, o ex-ministro e ex-presidente da Câmara de Lisboa, João Soares, o presidente da Sedes, Álvaro Beleza e o antigo secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales.
PR é "um árbitro preparado, não um jogador"
Num discurso que se estendeu em mais de 30 minutos, António Jsé Seguro começou por destacar os valores da "liberdade, igualdade, solidariedade, respeito pelo outro e seriedade". Garantiu que se rege por estes "pontos cardeais" e que come eles tem a meta de "fazer de Portugal um país justo e de excelência".
Distanciando-se do modo de atuação do atual chefe de Estado, defendeu que o presidente da República deve ser "um árbitro preparado, não um jogador" e vincou que, na sua visão, o chumbo de um Orçamento do Estado "não implicará automaticamente dissolução do Parlamento", ao contrário do que aconteceu em 2021.
“O país não pode andar de eleições em eleições”, apontou, argumentando ainda que o país tem de ter "rumo" e nao pode andar "aos zigue-zagues", em Governos "de turnos".
Face à conjuntura política atual, António José Seguro considera que uma eventual revisão constitucional não é urgente.
"Com todo o respeito ao Parlamento, não considero que a revisão constitucional seja prioridade. Prioritário é promover acesso à habitação e cuidados de saúde a tempo e horas", sublinhou.
Seguro prometeu ser um presidente "que escuta antes de falar". Admitindo que há "perguntas que se fazem privadamente" e outras "publicamente", garantiu que, se for presidente, "não haverá perguntas que fiquem por fazer.
"Não preciso de aprender no cargo, chego preparado", afirmou, num apontamento dirigido ao ex-chefe do Estado-Maior da Armada, Gouveia e Melo, que também está na corrida a Belém.
"Autoridade simbólica" nas Forças Armadas
António José Seguro salientou que uma das causas da sua campanha será a "criação de riqueza" e a redução da pobreza. A nível internacional, considerou que a Europa "não pode ficar à espera que os Estados Unidos mudem" nem pode responder aos novos desafios "pontual e sectorialmente".
"Problemas comuns exigem respostas comuns", apontou Seguro, dando como exempo a situação da pandemia e os desafios na defesa a relações comerciais e defendendo um "aprofundamento da integração política". Defendeu também "paz na Europa e em Gaza".
Quanto ao aumento de gastos na Defesa, o candidato a Belém recomenda "cautela". "Antes de gastarmos mais, devemos gastar melhor", argumentou, acrescentando que os gastos em defesa não podem ser feitos à custa da saúde, educação e proteção social.
António José Seguro destacou que, para além de fazer cumprir a Constituição, o chefe de Estado é também Comandante Supremo das Forças Armadas, devendo no entanto exercer uma "autoridade simbólica" nesse âmbito e respeitar "a separação de poderes" entre "presidente, Governo e chefias militares".
"O comandante Supremo das Forças Armadas não pode ser visto nem pensado enquanto possuidor de comando direto, mas enquanto detentor de uma responsabilidade constitucional, de zelar pela legalidade, pela integridade e pela missão cívica das Forças Armadas num regime democrático", afirmou o candidato presidencial.
"Assumo por inteiro o meu percurso político"
Na reta final do discurso, António José Seguro quis assinalar dois dos momentos que considerou mais marcantes da sua carreira política.
"Em 2007, quando liderei a reforma que permitiu ao Parlamento exercer verdadeiro controlo político sobre Governo, designadamente com a realização de debates quinzenais com a presença do primeiro-ministo" e "em 2009, quando, sozinho no plenário da Assembleia da República, me levantei para votar contra a Lei do Financiamento dos Partidos Políticos que reduziu o controlo da entrada de dinheiro".
"Em 2007, quando liderei a reforma que permitiu ao Parlamento exercer verdadeiro controlo político sobre Governo, designadamente com a realização de debates quinzenais com a presença do primeiro-ministo" e "em 2009, quando, sozinho no plenário da Assembleia da República, me levantei para votar contra a Lei do Financiamento dos Partidos Políticos que reduziu o controlo da entrada de dinheiro".
O antigo líder socialista, afastado por António Costa em 2014, diz-se "transparente e cristalino". "Assumo por inteiro e com orgulho todo o meu percurso e todo o meu passado", vincou.
"Os portugueses conhecem-me", afirmou o candidato a Belém. O candidato nascido em 1962 recordou depois o início de vida numa "família humilde" em Penamacor, no "Portugal do interior onde a vida se fazia com pouco". Desde então aprendeu "a importância da escola pública, do serviço público de saúde e da segurança social", afirma.
"Os portugueses conhecem-me", afirmou o candidato a Belém. O candidato nascido em 1962 recordou depois o início de vida numa "família humilde" em Penamacor, no "Portugal do interior onde a vida se fazia com pouco". Desde então aprendeu "a importância da escola pública, do serviço público de saúde e da segurança social", afirma.
Destacou como inspiração política os nomes de Nelson Mandela e Salgueiro Maia e destacou a experiência adquirida ao lado de Mário Soares e António Guterres e emocionou-se ao falar da mulher e dos filhos.
Seguro focou-se depois nos problemas enfrentados pelos mais jovens e pelos idosos, mas também no "agravamento do fosso social", afirmando que o país "se está a nivelar por baixo" e que vive "de mão estendida".
"Quando o Estado e os governantes se esquecem ou ignoram a vida das pessoas, é natural que surja a ilusão do populismo e radicalismo. Não é a música que os seduz, é a deceção que sentem com o estado a que isto chegou”, acrescentou.
Prometeu, por fim, ser um presidente unificador e íntegro "com uma dimensão ética à prova de bala".
Prometeu, por fim, ser um presidente unificador e íntegro "com uma dimensão ética à prova de bala".