"Dado o agravamento das desordens em Xinjiang, o Presidente Hu Jintao decidiu antecipar o seu regresso à China e não participar na cimeira do G8", anunciava já durante a noite de ontem o a agência de notícias Ansa, citando Tang Heng, o primeiro conselheiro político da embaixada chinesa em Roma.

O adiamento da visita entretanto comunicado às vias oficiais de Portugal em Pequim, o que foi confirmado à Agência Lusa por fonte oficial a partir da capital chinesa: os conflitos em Urumqi exigem o acompanhamento próximo do Presidente, que interrompe uma estadia na Europa que deveria prolongar-se pelo menos até ao fim-de-semana.

Desde o passado domingo que a cidade de Urumqi está a ferro-e-fogo, tendo as autoridades registado mais de centena e meia d mortos em conflitos de rua que envolveram as etnias uighure e han, que constituem as duas principais comunidades que coabitam na capital provincial da região de Xinjian.

Apesar da forte intervenção das forças de segurança, a quem os uighures atribuem responsabilidade pelas mortes na sua comunidade, e as medidas disciplinares impostas na cidade com recolher obrigatório e condicionamento da circulação o clima de tensão mantém-se e não há para já perspectiva de apaziguamento entre uighures, han e as forças da autoridade.

Nesse sentido, Hu Jintao decidiu adiar todos os compromissos internacionais que tinha em agenda, incluindo o encontro do G8 a que deveria acorrer a partir desta quarta-feira em Áquila, cidade italiana destruída por um terramoto em Abril passado. O Presidente chinês, que chegou a Roma no domingo para uma visita de Estado a Itália regressa assim a casa passando a ser representado no encontro do G8, hoje e amanhã, pelo conselheiro de Estado Daqi Bingguo.

Visita a Portugal deverá ser agendada para data posterior

"O adiamento foi comunicado hoje a meio da manhã, hora local, à embaixada de Portugal em Pequim pelo Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros", confirmou fonte oficial do Governo de Pequim, tendo já a agência oficial Nova China anunciado que "a data para a visita de Estado a Portugal vai ser fixada mais tarde pelas autoridades chinesas e portuguesas".

Em Portugal, durante a visita de Hu Jintao deveriam ser assinados vários acordos de cooperação nas áreas do turismo e das pequenas e médias empresas (PME). Mantém-se contudo o Fórum Económico e Comercial, encontro que contará sexta-feira e sábado com a presença de empresários portugueses e cerca de duas centenas de empresários chineses.

Alem de um encontro com o Presidente Cavaco Silva, Hu Jintao tinha ainda agendados encontros com o presidente da Assembleia da Republica, Jaime Gama, e o primeiro-ministro, José Sócrates.

Durante a visita seria assinalado ao mais alto nível o 30.º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre a China e Portugal.