PSD acredita que resultado eleitoral "favorece" negociação. PS vê "vida além do Orçamento"

É uma consequência direta da noite eleitoral autárquica: o PSD considera que a vitória nas eleições pode ajudar o partido a ter um maior ascendente sobre a oposição durante o debate da proposta de Orçamento do Estado - que começa a ser discutida na próxima semana na Assembleia da República.

João Alexandre - Antena 1 /

Fotografia de Gonçalo Costa Martins

Se não for de uma forma direta, pelo menos inconscientemente, todos nós sentimos que, de facto, [a vitória nas eleições autárquicas] favorece e há um reconhecimento da governação da AD e do sucesso da governação, que é reconhecida pelos portugueses - e isso viu-se nas urnas, quer nas legislativas, quer nas autárquicas -, mas também por organismos internacionais", disse, na Antena 1, o deputado Alberto Fonseca.

Segundo o coordenador do PSD na Comissão Parlamentar de Orçamento e Finanças, há vários motivos para o reforço do peso negocial dos partidos que sustentam o Governo, desde logo, porque, defende o deputado, o caminho seguido pelo Executivo tem sido positivo.

"Tivemos o FMI a reconhecer o sucesso da política deste Governo e a estabilidade das contas públicas e da redução da dívida. Ainda recentemente tivemos duas agências de notação de rating a melhorar o rating da República Portuguesa. É muito importante. Temos de dar continuidade a esse bom trabalho", disse.
O social-democrata saúda ainda a disponibilidade manifestada pelos socialistas para viabilizar a proposta de Orçamento do Estado e lamenta as críticas feitas ao documento pelo líder do Chega, André Ventura.

"Nas eleições [legislativas], o partido Chega ficou em segundo lugar, reclamou a liderança da oposição e assumiu-se como partido responsável. Estamos para ver agora - com o resultado da votação do Orçamento - até que ponto vai essa responsabilidade do Chega, porque o PS já demonstrou ser responsável, de facto", apontou Alberto Fonseca.

PS insiste que eleitores pediram "estabilidade" política: "É adequado contribuirmos"

Carlos Pereira, deputado do PS e vice-presidente da Comissão Parlamentar de Orçamento e Finanças, aponta a um caminho de "estabilidade" e "responsabilidade" por parte dos socialistas, em linha com José Luís Carneiro, e lembra que houve matérias - como é o caso das alterações À legislação laboral - que ficaram de fora da proposta orçamental. 

"É adequado contribuirmos para a estabilidade do país. Consideramos que essa foi uma mensagem que os eleitores deixaram ao PS e nós devemos construir essa solução. Obviamente que só podia ser construída também com o contributo do Governo, que considerou que poderia expurgar do OE matérias que nós de maneira nenhuma poderíamos concordar que lá estivessem", disse, no programa Entre Políticos.

O socialista garante, no entanto, que o PS não vai dar tréguas ao Governo da AD, até porque, afirma Carlos Pereira, o Orçamento proposto não serve ao país e aos portugueses.
"Vamos combater este Orçamento, mas mantendo a ideia de que há um princípio de estabilidade e responsabilidade, porque há um bem maior para o país. Estou certo que os portugueses não querem imaginar que teremos mais uma crise política nos próximos tempos. E julgo que esse é um dado muito relevante", assinalou Carlos Pereira, que vê no documento um obstáculo ao crescimento do país: "É absolutamente débil no que diz respeito a esta matéria".

Apesar das críticas, o deputado do PS afirma que "há mais vida para além do Orçamento" e adianta que as propostas que o PS vai colocar em cima da mesa da discussão serão num cenário "compatível com uma abstenção que está prevista", e que haverá "outros momentos, outros palcos" para apresentar propostas.


PUB