PSD aponta "estabilização" no preço das rendas. PS lamenta "erros" do Governo na habitação

Na semana em que se ficou a saber que, em Portugal, os preços das casas continuam a bater recordes, o PSD mantém a confiança nas medidas apresentadas pelo Governo para o setor e pede tempo para resolver os problema da habitação no país.

João Alexandre - Antena 1 /

Fotografias: Jorge Carmona - RTP

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), em comparação com o mesmo período do ano passado, o preço mediano das casas vendidas em Portugal aumentou 19% no segundo trimestre do ano, e, segundo as contas feitas pelo Conselho Europeu , Lisboa é a cidade da União Europeia onde é necessária uma maior percentagem do salário médio para pagar a habitação.

Em declarações à Antena 1, Gonçalo Lage, deputado do PSD, defendeu que os preços já começaram a estabilizar, por exemplo, no arrendamento: "Há números que começam a demonstrar que, nos últimos meses, já começaram a estabilizar e a reduzir os preços no mercado de arrendamento".

"Estamos a investir no sentido de colocar mais casas nas zonas de maior pressão habitacional. Percebemos que, muitas das vezes, o que causa maior pressão nestas áreas é que os valores subiram tanto que muitas das pessoas estão, obviamente, a expandir para uma área mais abrangente", acrescentou o coordenador do PSD na comissão parlamentar de Infraestruturas, Mobilidade e Habitação.
Entre as propostas anunciadas, Gonçalo Lage destaca a redução da taxa de IRS para os senhorios que arrendem as habitações a preços de "renda moderada", ou seja, até ao teto de 2.300 euros - um valor que foi alvo de muitas críticas por parte da oposição.

"Acho que é uma medida essencial. Quando dizemos que queremos das rendas superiores a 400 euros até às rendas de 2.300 euros, quando queremos fazer com que os proprietários destas habitações possam ter uma redução substancial nos impostos - e  estamos a falar de uma redução muito grande, que vai de 25% para 10% -, o que eu estou a dizer a estas pessoas é que podem colocar as casas no mercado porque vão pagar menos impostos", afirma o deputado, que acrescenta: "Também estou a dizer aos que vão renovar o contrato que, como vão ter um maior valor de rendimento associado a esta renda, não precisam de estar a aumentar [a renda]".

Ex-ministra da Habitação critica "desajustamento" da realidade

Numa altura em que os partidos se preparam para intensificar os trabalhos parlamentares à volta do Orçamento do Estado, a ex-ministra Marina Gonçalves diz, na Antena 1, que o PS se prepara para apresentar propostas em sede de especialidade.

"A data para apresentar propostas é a data das alterações na especialidade do Orçamento de Estado, portanto, essa será a data, certamente, onde nós poderemos fazer esse debate", adiantou a socialista, que assinala: "Basta olharmos para os últimos dados do INE para percebermos como a evolução [dos preços] é contrária aos últimos anos. Há medidas com as quais nós concordamos".

No programa Entre Políticos, Marina Gonçalves garantiu ainda que o PS acompanha o Governo no investimento na habitação pública, nas parcerias com privados e com cooperativas, e no reforço de incentivos fiscais, mas defende que há "uma parte muito errada" na forma como é construído o programa do Governo dirigido à habitação.

"O preço revela um desajustamento da realidade dos salários do nosso país. Ou vamos aumentar os salários ou vamos ter de ajustar este valor", insiste a ex-ministra, que entende que o conceito de renda moderada até 2.300 euros não faz sentido. "Aquilo que determinava o preço acessível é que o rendimento da família e a renda eram compatíveis, portanto, eu limitava o mercado em função daquele que é o salário médio nacional. Eu bem sei que é até aquele valor [de 2.300 euros], mas nós também sabemos como é que o mercado funciona".
Marina Gonçalves ressalva que o PS "não se furta à responsabilidade" que tem nas políticas da habitação, mas garante que os dados apontam para uma "desaceleração" dos preços da habitação em resultado da governação socialista. 

"Nestes últimos anos, nós estávamos a verificar uma desaceleração dos preços e um aumento da oferta", insistiu Marina Gonçalves.
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