PSP preocupada com falha do SIS na antecipação dos protestos da CGTP

O secretário-geral da CGTP afastou a ideia de o Serviço de Informações de Segurança (SIS) se preocupar com ações da central sindical, como a invasão a ministérios ocorrida na tarde desta terça-feira, alegando que a intenção não é gerar violência. No entanto, estas ações já levaram a um mal-estar na PSP que considera ter havido uma falha do SIS na antecipação deste tipo de protesto.

RTP com Lusa /
Arménio Carlos descartou o incitamento à violência Manuel de Almeida/Lusa

Arménio Carlos garante que as ações dos sindicalistas nos ministérios não pretendem o inciamento à violência. O líder da CGTP considera, por isso, que o SIS não se deve preocupar até porque deve ter muito mais com que se preocupar.

"Creio que o SIS tem mais com que se preocupar do que com as lutas dos trabalhadores e as intervenções e ações da CGTP", afirmou Arménio Carlos em declarações à Lusa, acrescentando que os representantes da central sindical não pretendem gerar violência, mas "combater a violência das políticas" do Governo.

Declarações que surgem no seguimento das ações protagonizadas por várias dezenas de sindicalistas na tarde desta terça-feira em quatro ministérios, Economia, Finanças, Ambiente e Saúde, numa operação surpresa que apanhou as forças de segurança desprevenidas.

Na sua edição de hoje o Diário de Notícias avança que a iniciativa não foi antecipada pelo SIS nas avaliações de ameaças relacionadas com as manifestações, tendo o comando da PSP destacado, já na tarde de terça-feira, cerca de 300 elementos das Equipas de Intervenção Rápida para reforçar a segurança de 13 ministérios, colocando, em média, 30 agentes em cada local.

O jornal adianta ainda que se criou um clima de mal-estar na PSP por considerarem ter havido uma falha do SIS na antecipação deste tipo de ação de protesto.

"Se o SIS se quiser preocupar, pode preocupar-se e acompanhar de uma forma mais permanente a fraude de evasão fiscal, aqueles que têm aqui os lucros e não pagam impostos, aqueles que estão envolvidos em negócios de alto gabarito sem qualquer tipo de penalização, é por aí que o SIS deve intervir e não tanto estar preocupado com as lutas dos trabalhadores e muito menos com a intervenção da CGTP", defendeu Arménio Carlos.

A invasão dos ministérios foi, segundo o secretário-geral da CGTP, uma iniciativa inserida no dia da Indignação, Protestos e Lutas, como classificou a central sindical ao dia da aprovação do Orçamento do Estado para 2014.

"A nossa estratégia é só uma: pôr termo à violência desta política que está não só a esmagar os rendimentos dos trabalhadores e pensionistas como a dizimar o desemprego, a forçar os nossos jovens a emigrar e também a deixar os nossos desempregados sem qualquer tipo de proteção social", justificou.

"É uma estratégia de luta contra a violência que este Governo está a desenvolver contra o país e contra o povo português", acrescentou.

Embora tenha preferido manter segredo sobre eventuais novas iniciativas, Arménio Carlos defendeu que os sindicalistas "têm de puxar pela imaginação para forçar o Governo a ouvi-los", já que o executivo tende a ser "cego, surdo e mudo em relação aos problemas que lhe são colocados".

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