Política
Reitor da Lusófona que atribuiu equivalências a Relvas foi substituído
O professor Fernando Santos Neves, que assinou em 2006 o despacho de atribuição de equivalências para a licenciatura do ministro Miguel Relvas em Ciência Política e Relações Internacionais, foi substituído na reitoria da Universidade Lusófona do Porto e transferido para a direção de um Conselho Superior Académico criado na passada terça-feira. A nova reitora é a docente Isabel Lança. A alteração de cargos consta de uma ordem de serviço divulgada pela Cooperativa de Formação e Animação Cultural (COFAC) depois de ter sido noticiado o pedido de demissão de Santos Neves.
A saída de Fernando Santos Neves da Reitoria da Universidade Lusófona do Porto e a sua substituição por Isabel Lança, catedrática da
área da Comunicação Social, haviam sido confirmadas à agência Lusa por Manuel Damásio, representante da COFAC - entidade que instituiu a Lusófona.
"O professor Santos Neves foi substituído no início da semana pela professora Isabel Lança que já colaborava connosco", afirmou Damásio, filho do atual administrador da Universidade.

O responsável disse ainda que o mandato de Santos Neves, co-fundador e primeiro reitor da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, "só terminaria daqui a uns tempos", acrescentando que o ex-reitor continuaria a colaborar com a instituição.
Damásio sublinhou que a demissão de Santos Neves não estava relacionada com o caso da licenciatura do atual ministro adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, em Ciência Política e Relações Internacionais.
Nos termos de uma ordem de serviço com a designação 67/2012 e datada de quarta-feira, Santos Neves vai liderar o Conselho Superior Académico do grupo Lusófona. Um órgão criado na terça-feira.
Na mesma ordem de serviço, citada pela Lusa, é elogiada a conduta do ex-reitor, considerando-se que "guindou a Universidade Lusófona do Porto ao mais alto prestígio, no âmbito da Academia, da sociedade portuense e até do Noroeste Peninsular".
A Cooperativa de Formação e Animação Cultural assinala ainda que Fernando Santos Neves vai desempenhar um "alto cargo, de cujo êxito se espera desenvolvimento e prestígio para o grupo Lusófona".
Incongruência
A demissão de Santos Neves do lugar de reitor terá sido comunicada pela reitoria da Lusófona do Porto durante a noite de quarta-feira. No entanto, a revista Sábado detetou uma incongruência, também verificada pela RTP.
Na manhã desta quinta-feira, o nome de Isabel Lança já constava como reitora no site da Lusófona do Porto.
Todavia, horas depois, o nome e a fotografia de Fernando Santos Neves voltariam a surgir online no espaço reservado ao reitor da instituição. Na designação do cargo, contudo, mantinha-se a palavra "reitora".
90 por cento do curso
Além de reitor da Lusófona, Santos Neves era diretor do Departamento de Ciência Política e Relações Internacionais. Juntamente com o professor José Fialho, Santos Neves assinou um parecer de duas páginas e meia que valorizava o percurso profissional e político de Miguel Relvas. O parecer é genérico e não relaciona a experiência profissional e política de Miguel Relvas com cada uma das cadeiras.
Foi ele quem atribuiu, em 2006, 90 por cento da licenciatura de Relvas, por equivalência ao abrigo da reforma de Bolonha que valeram ao atual ministro 160 dos 180 créditos necessários à conclusão do curso na Lusófona.
Na sequência da atribuição destes créditos, com base no seu currículo profissional e político, Miguel Relvas fez a licenciatura num ano, no final de 2007, depois de completar apenas quatro cadeiras.
Dessas quatro cadeiras, seria naquela que lecionou Santos Neves (Introdução ao Pensamento Contemporâneo) que Relvas obteve a nota mais alta (18 valores).
"Currículo muito rico"
Manuel Damásio reconheceu à agência Lusa que "nenhum processo" teve tantos créditos concedidos por via da experiência profissional como o do ministro Miguel Relvas, considerando que se trata de "um currículo muito rico".
Acrescentou que desde 2006 a Universidade avaliou 89 processos de equivalências de créditos por experiência profissional e pessoal.
A Universidade Lusófona divulgou a lista de nomes dos docentes que integravam o Conselho Científico do seu Departamento de Ciências Sociais e Humanas, no ano letivo de 2006/2007, quando Miguel Relvas se licenciou.
Contactados pela agência de notícias, mais de metade dos implicados afirmaram no entanto nunca ter participado em qualquer reunião de análise do caso.
"Não participei"
Seis dos docentes indicados na lista responderam por escrito que ou não participaram em qualquer reunião sobre as equivalências de Relvas ou não se lembram do assunto.
A professora Selma Calasans Rodrigues afirma, por exemplo, que "felizmente não fui convocada para tal ou tais reuniões do Conselho Científico da Universidade, que me deixariam bastante constrangida se lá estivesse e tivesse que votar, principalmente por ser contrária às decisões tomadas".
Teotónio de Souza sublinha por seu lado que "estas decisões são tomadas na comissão científica de cada departamento e, neste caso, na comissão científica do departamento de Ciência Política."
"Não me lembro de ter sido discutido o assunto no conselho científico da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, ou talvez não estive presente nessa reunião", escreveu Teotónio de Souza à Lusa.
A Lusófona ainda não esclareceu se o Conselho Científico que divulgou foi aquele que analisou as equivalências do ministro Miguel Relvas.
"O professor Santos Neves foi substituído no início da semana pela professora Isabel Lança que já colaborava connosco", afirmou Damásio, filho do atual administrador da Universidade.
O responsável disse ainda que o mandato de Santos Neves, co-fundador e primeiro reitor da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, "só terminaria daqui a uns tempos", acrescentando que o ex-reitor continuaria a colaborar com a instituição.
Damásio sublinhou que a demissão de Santos Neves não estava relacionada com o caso da licenciatura do atual ministro adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, em Ciência Política e Relações Internacionais.
Nos termos de uma ordem de serviço com a designação 67/2012 e datada de quarta-feira, Santos Neves vai liderar o Conselho Superior Académico do grupo Lusófona. Um órgão criado na terça-feira.
Na mesma ordem de serviço, citada pela Lusa, é elogiada a conduta do ex-reitor, considerando-se que "guindou a Universidade Lusófona do Porto ao mais alto prestígio, no âmbito da Academia, da sociedade portuense e até do Noroeste Peninsular".
A Cooperativa de Formação e Animação Cultural assinala ainda que Fernando Santos Neves vai desempenhar um "alto cargo, de cujo êxito se espera desenvolvimento e prestígio para o grupo Lusófona".
Incongruência
A demissão de Santos Neves do lugar de reitor terá sido comunicada pela reitoria da Lusófona do Porto durante a noite de quarta-feira. No entanto, a revista Sábado detetou uma incongruência, também verificada pela RTP.
Na manhã desta quinta-feira, o nome de Isabel Lança já constava como reitora no site da Lusófona do Porto.
Todavia, horas depois, o nome e a fotografia de Fernando Santos Neves voltariam a surgir online no espaço reservado ao reitor da instituição. Na designação do cargo, contudo, mantinha-se a palavra "reitora".
90 por cento do curso
Além de reitor da Lusófona, Santos Neves era diretor do Departamento de Ciência Política e Relações Internacionais. Juntamente com o professor José Fialho, Santos Neves assinou um parecer de duas páginas e meia que valorizava o percurso profissional e político de Miguel Relvas. O parecer é genérico e não relaciona a experiência profissional e política de Miguel Relvas com cada uma das cadeiras.
Foi ele quem atribuiu, em 2006, 90 por cento da licenciatura de Relvas, por equivalência ao abrigo da reforma de Bolonha que valeram ao atual ministro 160 dos 180 créditos necessários à conclusão do curso na Lusófona.
Na sequência da atribuição destes créditos, com base no seu currículo profissional e político, Miguel Relvas fez a licenciatura num ano, no final de 2007, depois de completar apenas quatro cadeiras.
Dessas quatro cadeiras, seria naquela que lecionou Santos Neves (Introdução ao Pensamento Contemporâneo) que Relvas obteve a nota mais alta (18 valores).
"Currículo muito rico"
Manuel Damásio reconheceu à agência Lusa que "nenhum processo" teve tantos créditos concedidos por via da experiência profissional como o do ministro Miguel Relvas, considerando que se trata de "um currículo muito rico".
Acrescentou que desde 2006 a Universidade avaliou 89 processos de equivalências de créditos por experiência profissional e pessoal.
A Universidade Lusófona divulgou a lista de nomes dos docentes que integravam o Conselho Científico do seu Departamento de Ciências Sociais e Humanas, no ano letivo de 2006/2007, quando Miguel Relvas se licenciou.
Contactados pela agência de notícias, mais de metade dos implicados afirmaram no entanto nunca ter participado em qualquer reunião de análise do caso.
"Não participei"
Seis dos docentes indicados na lista responderam por escrito que ou não participaram em qualquer reunião sobre as equivalências de Relvas ou não se lembram do assunto.
A professora Selma Calasans Rodrigues afirma, por exemplo, que "felizmente não fui convocada para tal ou tais reuniões do Conselho Científico da Universidade, que me deixariam bastante constrangida se lá estivesse e tivesse que votar, principalmente por ser contrária às decisões tomadas".
Teotónio de Souza sublinha por seu lado que "estas decisões são tomadas na comissão científica de cada departamento e, neste caso, na comissão científica do departamento de Ciência Política."
"Não me lembro de ter sido discutido o assunto no conselho científico da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, ou talvez não estive presente nessa reunião", escreveu Teotónio de Souza à Lusa.
A Lusófona ainda não esclareceu se o Conselho Científico que divulgou foi aquele que analisou as equivalências do ministro Miguel Relvas.