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Resposta a Rio. Montenegro afirma que faltou coragem para diretas

por Carlos Santos Neves - RTP
“Lamento que tenha faltado coragem ao doutor Rui Rio para marcar eleições diretas no PSD”, afirmou Luís Montenegro à saída de um encontro, em Belém, com Marcelo Rebelo de Sousa Mário Cruz - Lusa

Luís Montenegro saiu esta segunda-feira de uma audiência com o Presidente da República, em Belém, a criticar Rui Rio por ter decidido submeter uma moção de confiança ao Conselho Nacional do PSD. O ex-líder parlamentar do partido, agora candidato assumido à liderança, afirmou mesmo que houve “medo” de eleições diretas.

É já na próxima quinta-feira, a partir das 17h00, que o Conselho Nacional do PSD se reúne em sessão extraordinária para se debruçar sobre a moção de confiança de Rui Rio – a resposta do líder social-democrata à investida de Luís Montenegro.Luís Montenegro confirmou na passada sexta-feira que é candidato à liderança do PSD, alegando que se impõe resgatar o partido “do abismo”.

O ex-líder parlamentar laranja foi esta segunda-feira recebido por Marcelo Rebelo de Sousa. À saída do encontro, desferiu duras críticas ao líder do partido.

“Lamento que o doutor Rui Rio não tenha tido a coragem de marcar eleições diretas no PSD. E lamento que o doutor Rui Rio tenha tido medo de ouvir a voz dos militantes, que foi o repto que lhe lancei”, vincou Montenegro.

“Porque entendo que uma verdadeira clarificação da posição política do PSD, da forma como o PSD se deve colocar para enfrentar os próximos atos eleitorais, só tem efeito, de um ponto de vista pleno, com a pronúncia de todos os militantes”, acrescentou.

Ainda segundo o líder parlamentar do PSD na era de Passos Coelho, “os militantes gostariam de ter tido a oportunidade de se pronunciarem sobre a estratégia política e a liderança política nesta altura”.

“Sei que tenho sido motivo de críticas por muita gente, mas fazê-lo nesta altura tem dois tipos de enquadramento: em primeiro lugar, passou um ano da liderança do doutor Rui Rio, a estratégia que foi sufragada e que levou à sua eleição como líder do PSD foi executada e hoje tem um resultado e esse resultado, em minha opinião e de muitos militantes do PSD, simpatizantes e votantes, é um resultado mau”, prosseguiu.

“Em segundo lugar, fazer uma clarificação agora permitiria ainda fazê-lo a tempo de podermos inverter a situação e de nos podermos apresentar aos eleitores reforçados com a característica de partido com a vocação maioritária que sempre foi a característica do PSD”, rematou.

Em resposta às questões dos jornalistas, adiante, Luís Montenegro pôs de parte a apresentação de uma moção de censura a Rui Rio no seio do Partido Social Democrata.
“Golpe palaciano”
Foi no sábado que Rio anunciou o pedido para a marcação de um Conselho Nacional extraordinário para apreciar e votar uma moção de confiança à direção em funções.

“Se for esse o seu entendimento, o Conselho pode retirar a confiança à direção nacional e assumir democraticamente a responsabilidade de a demitir. Se os contestatários não conseguiram reunir as assinaturas para a apresentação de uma moção de censura, eu próprio facilito-lhes a vida e apresento (...) uma moção de confiança”, redarguiu então o líder do PSD, numa declaração à imprensa e a militantes no Porto.

Rui Rio acusou também Luís Montenegro de protagonizar um “golpe palaciano” movido por uma “teia de interesses”, de “falta de firmeza para travar os instigadores” que “apenas se movem pela tentativa de manutenção dos lugares nas listas do partido”, de pôr a “agenda pessoal” à frente dos interesses do PSD e do país e de prestar “um serviço de primeiríssima qualidade” ao PS de António Costa.

Isabel Cunha - Antena 1

Já esta segunda-feira o presidente dos social-democratas escusou-se “a animar a comunicação social” com questões partidárias.

“Sou obrigado a vir trazer as coisas do partido à praça pública por aquela razão, agora não contem comigo para andar a animar a comunicação social esta semana com coisas internas”, sustentou, recusando-se, no mesmo sentido, a clarificar o modo como o Conselho Nacional votará: de braço no ar ou por sufrágio secreto.
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