Rocha Andrade devia "pôr o seu lugar à disposição"

por RTP

O jornalista António José Teixeira concorda que o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais se deve demitir.

"Dificilmente tem condições políticas para continuar no seu cargo", afirma, o qual é "exigente" e "exige uma distância, uma sobriedade, uma independência à prova de bala".

"É ele que a particulares e a empresas impõe regras e é o garante do cumprimento dessas regras".

A questão é, sobretudo, de "bom senso". "Alguém na sua posição não pode ter o mesmo comportamento que um vulgar cidadão poderia ter perante um convite particular", acrescenta o analista.

A Galp tem ainda um contencioso com as Finanças pelo não pagamento de impostos, numa área tutelada por Rocha Andrade, o que vem "agravar" a questão, afirma António José Teixeira.

O jornalista admite que sob esse aspecto o secretário de Estado tenha sido vítima de alguma "ingenuidade" e não se conheçam indícios que a aceitação do convite implique outras consequências além das que estavam "diretamente em causa, que era assistir a um jogo de futebol".

Sobre outros casos que venham agora a público, José António Teixeira lembra que um servidor público "deve ter cuidados e exigências consigo próprio".

"Na representação oficial do Estado não precisa ser subsidiado, nem de convites de particulares", refere e "fora do horário de expediente, são sempre representantes do Estado".

Para o analista o que está em questão é uma "hipocrisia" já que "muitos de nós sabem que este tipo de convites é aceite por muitos protagonistas da vida pública e da vida política portuguesa".

"Há muitos telhados de vidro nesta matéria", reconhece. "Mas isso não muda nada neste caso pelo facto de haver muitos antecedentes não deve ser olhado com olhos mais relativistas".

"Devemos ter um comportamento exigente" perante esta "situação concreta", considera o jornalista, de uma forma que fique como "exemplo para o futuro".
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