Rui Rio admite diálogo com o PS "em nome do interesse nacional" sem Governo de Bloco Central

por Lusa
Mário Cruz - Lusa

O presidente do PSD admitiu esta sexta-feira que poderá dialogar com o PS "em nome do interesse nacional", defendendo que o partido não pode repetir o que criticou a António Costa, mas excluindo um Governo de Bloco Central.

Em entrevista à SIC, Rui Rio disse ainda "estar dividido" quanto uma coligação pré-eleitoral com o CDS-PP e colocou o Chega no quadro dos partidos com que "não é possível falar", uma vez que "não se moderou".

Questionado sobre a posição de Paulo Rangel, seu adversário nas eleições internas de 04 de janeiro para a liderança do PSD, que rejeitou qualquer entendimento com o PS, Rio avisou que daria uma resposta que desagradaria ao PSD, mas seria entendida por "muitos milhões de portugueses".

"Se entende o Bloco Central como um Governo em que há um ministro do PS e um do PSD, isso não, não é preciso para nada, estamos todos de acordo", começou por afirmar Rui Rio.

"Agora, se eu descarto a possibilidade de não dialogar com alguns, nem falo, eu acho isso é contra o interesse nacional. Não posso ir para eleições e tomar posse e fazer o mesmo erro que o dr. António Costa fez: o erro dele foi dizer, com o PSD nada e enquistar-se com o PCP e o BE. Se tivesse tido mais abertura, o país ganhava com isso", defendeu.

Questionado se estaria disponível para aproximações com o PS que permitissem uma maior estabilidade, nomeadamente viabilizando Orçamentos do Estado, Rio preferiu colocar o cenário ao contrário: "A disponibilidade do PS, e do CDS (se não formos coligados", para colaborar com o meu Governo".

"Os partidos não devem ser assim tão radicais que inviabilizem a governação do país. Estou convencido que os portugueses me entendem quando digo que, em nome do interesse nacional, não devemos fechar as portas todas e devemos estar abertos ao diálogo", reiterou.

Questionado se entende que o PSD e o CDS-PP devem ir coligados às legislativas, Rio disse "estar dividido" sobre o tema e admitiu ser uma questão sobre a qual teria de pensar, embora lembrando que já fez essa opção por várias vezes na sua carreira política, como na Câmara do Porto e nas recentes autárquicas.

A este propósito, Rio alertou mais uma vez para os riscos de o PSD estar num processo eleitoral interno em vésperas de legislativas, depois de Paulo Rangel já ter dito preferir que o PSD concorra sozinho.

"Eu chego a uma conclusão, a Comissão Política Nacional toma uma decisão e a seguir fazemos mesmo eleições internas e, por acaso, o Paulo Rangel ganha e depois liga para o CDS a dizer que afinal já não há [coligação]?", questionou.

Já sobre o Chega, Rio considerou que "tem dito sempre a mesma coisa" quanto a acordos com o partido liderado por André Ventura.

"Disse lá atrás: se o Chega se moderar, podemos falar, se não se moderar, não podemos falar. Moderou-se? Não, não se moderou, está no quadro de não ser possível falar", considerou, dizendo que "agora já falta pouco" para as eleições para haver uma mudança de posição.

Já sobre a ambição anunciada de Paulo Rangel de uma maioria absoluta para o PSD, Rio disse não querer, para já evidenciar diferenças com o seu adversário dentro do partido, já que voltou a apelar ao partido para que pense se "vale a pena ir para uma disputa interna" em vésperas de legislativas.

"É evidente que o PS há de pedir a maioria absoluta e nós, em função de dados que vamos ter, podemos ir por aí. Não quero pedir o que não possa estar à vista, se o partido continuar assim, aos tiros uns anos outros, vamos pedir a maioria absoluta para quê? Até ganhar é difícil", alertou.

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