Rui Rio: “Não há desastre nenhum”

por Ana Sofia Rodrigues - RTP
“Calma!”, disse Rui Rio no discurso final das eleições legislativas Tiago Petinga – Lusa

O líder do PSD assumiu que o partido não conseguiu o principal objetivo de vencer as eleições, mas garante que o resultado “não foi uma grande derrota”. “Não há desastre nenhum”, afirmou. Sobre a continuidade à frente do partido, argumenta que isso vai merecer “serenidade, maturidade e ouvir as pessoas”. Apesar de se assumir como o responsável pelos resultados, enquanto líder, garante que a responsabilidade “não é exclusiva”. Isto depois de ter elencado circunstâncias externas, mas também “uma instabilidade nunca antes vista na história do PSD”.

“Espero que não faça agora uma crónica muito grande sobre o tabu do Rui Rio, que não disse hoje se continua ou não. O Rui Rio pondera. Não há tabus só porque alguém não responde ali ao fim de um minuto ou dois. Calma!”, argumentou Rui Rio perante os jornalistas, na reação aos resultados eleitorais.

Já antes, o líder do PSD diz que o seu futuro à frente do partido merece “ponderação e serenidade, de ouvir as pessoas. É assim que a maturidade manda fazer”.

Na perspetiva de Rio, estas eleições não representaram “uma grande derrota que previam e alguns desejavam”, nem uma “hecatombe”. “Não houve desastre nenhum”, assegurou.

Apesar de admitir que o PSD não atingiu o principal objetivo, vencer o PS, defendeu que o resultado “é positivo”, considerando as circunstâncias com que se debateu e a “hecatombe que dizia que íamos ter, o pior resultado de sempre, uma coisa absolutamente desgraçada”.

Rui Rio refere ainda que o resultado do PSD nesta noite é "praticamente idêntico" ao das eleições legislativas de 2015, caso se junte a percentagem do PSD com os votos do CDS-PP.
O PSD conquistou 27,9 por cento dos votos e conquistou 77 deputados, quando ainda faltam 4 deputados do círculo internacional. Em 2015, tinha conseguido 89 deputados, tendo avançado em coligação com o CDS.

“O PS teve a maioria absoluta? Não teve. A esquerda teve mais de 66% dos votos? Não teve. O PSD teve o pior resultado de sempre? Não teve. Compare estes resultados com autárquicas e europeias e com a evolução que isto é”, atirou Rio.

“PSD deu um passo em frente para reconquistar a confiança dos portugueses”, considerou, dizendo que a vitória do PS “não foi assim tão grande”.

“O primeiro responsável, para o bem e para o mal, sou eu”, seguiu Rio, quando questionado sobre a sua quota-parte de responsabilidade nos resultados. No entanto, assegura que isso “não é responsabilidade de uma pessoa em circunstância nenhuma”.

“Há circunstâncias envolventes”, remetendo para a lista de razões que tornaram a disputa eleitoral mais difícil para o PSD e com que iniciou o discurso.
“Instabilidade nunca antes vista na história do PSD”
O líder social-democrata elencou uma lista de razões “internas e externas” que ajudam a explicar o resultado.

“Uma instabilidade de uma dimensão nunca antes vista na história do PSD, exclusivamente motivada por ambições pessoais”, declarou Rui Rio, depois de dizer que isso aconteceu com a “conivência de alguma comunicação social” através da participação de comentadores “com agenda política contra o PSD”.

O líder social-democrata estima que o surgimento de novos pequenos partidos à direita do PSD tenha representado uma quebra de votos na ordem dos 2%, além de algum efeito idêntico também no CDS-PP.

Rui Rio afirmou que a conjuntura internacional permitiu resultados económicos favoráveis, “sem que o PS tivesse de fazer muito” para conseguir esse trunfo eleitoral.

O social-democrata foi ainda muito crítico com a “prolongada publicação de sondagens que davam como fechada a vitória do PS”, lembrando sondagens que há três semanas estimavam uma maioria absoluta dos socialistas.
“Ninguém sabe o que o PS quer fazer”
Falando aos jornalistas antes de António Costa, Rui Rio não quis fazer grandes contas ao futuro da governação e ao papel do PSD. “Ninguém sabe o que o PS quer fazer”, colocando o ónus da iniciativa aos socialistas.

Realçou que o partido irá agora analisar a envolvente política quando o panorama parlamentar estiver fechado, adiantou que vão ser reunidos os órgãos do partido. E garante que na posição que for não tomada, “não vai sair nada de diferente do que eu sempre disso”.

Questionado sobre se está disponível para alinhar em reformas estruturais, o líder social-democrata defendeu que "Portugal precisa de um conjunto de reformas estruturais que, não sendo feitas, tem ali um estrangulamento no seu desenvolvimento".
Rui Rio adiantou que vai assumir o lugar de deputado na Assembleia da República
"Eu estou disponível, não só para colaborar, como até para convencer os outros a fazerem essas reformas estruturais nucleares para o futuro de Portugal, seguramente com o PS, porque sem o PS não se consegue fazer, mas também com todos os demais que entendam associar-se a esse objetivo nacional", frisou.

Mas Rui deixou um aviso à navegação. “PSD deve olhar muito a sério para as autarquias”, que considerou serem a base do partido. “As próximas eleições autárquicas vão ser nucleares, estratégicas, para o futuro do PSD”, avisando que o partido tem de inverter a tendência de perda de representação autárquica. “É uma responsabilidade da próxima direção nacional do PSD”, afiançou.

No discurso da noite de eleições, o líder do PSD disse que já telefonou a António Costa, tendo felicitado o secretário-geral do PS pela vitória. Agradeceu ainda o apoio de todas as estruturas do partido.

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