Rui Rio quer centrar política económica na produção

por RTP

O presidente do PSD e recandidato à liderança considera que é preciso "mudar a política económica do país" para superar o principal bloqueio: a estagnação económica. Rui Rio considera ainda que o que mais o distingue do seu opositor é a preparação para o cargo de primeiro-ministro.

Com eleições internas este fim-de-semana e eleições legislativas a 30 de janeiro, o atual líder social-democrata sublinha que o PSD tem de se apresentar com um candidato a primeiro-ministro.

"Paulo Rangel vai ter de fazer um curso intensivo" para preparar-se para o cargo, algo difícil de alcançar em 60 dias, diz Rui Rio, notando que quatro anos de preparação.

"A campanha interna que (Paulo Rangel) tem feito, está sempre em ziguezague precisamente porque não tem ainda o discurso nem a preparação consolidada. É normal que não tenha", considera o atual líder do PSD.

Ao adversário, Rui Rio aponta ainda falta de clareza no que respeita a um cenário pós-eleitoral. Sem afastar acordos com o PS em nome da governabilidade, Rio é peremptório: não é preciso Bloco Central.

"Fazer um Bloco Central, ou seja um Governo em que há primeiro-ministro do PSD ou do PS e depois com ministros dos outros partidos, isso não. Não vejo nenhuma necessidade disso. Outra coisa é eu ter um nível de responsabilidade para com o país que não inviabilize a governação do país. Todos os partidos sem exceção têm o dever de contribuir para a governabilidade", defendeu.

No entanto, garante que "não há de certeza apoios grátis da minha parte, nem estou a contar com apoios grátis da parte do CDS ou da Iniciativa Liberal ou do Partido Socialista".

Rui Rio defende uma inversão da política económica, que pretende "virada para a produção, de apoio às PME", em detrimento do estímulo ao consumo.

"Temos tido uma política económica, muito defendida pelo Bloco de Esquerda e pelo PCP, para lá do PS, que canaliza o crescimento económico através do consumo: público e privado. Eu tenho uma visão exatamente ao contrário. O consumo público, e principalmente o privado, não é o motor do crescimento, é aquilo que eu quero atingir", observa Rui Rio, notando que o resultado é o empobrecimento da classe média.

"Aquilo que devemos fazer é puxar pela economia para que o salário médio seja muito mais alto e para que o salário mínimo seja também mais alto, mas por arrasto dos salários, porque a economia pode pagar e não porque há uma decisão administrativa que o diz", sustenta.

Instado a comentar a afirmação de Duarte Cordeiro (PS), em que o PS só procurará fazer aliança com a direita se a esquerda quiser, Rui Rio raciocina: "se o PS diz 'nós vamos virar outra vez para Geringonça'; eu digo 'se assim é, então têm de votar em força no PSD, porque senão vamos ter mais do mesmo'".

Sobre a perda de apoio de nomes notáveis do PSD, como Manuela Ferreira Leite e Nuno Morais Sarmento, Rio Rio nota que estão em causa relações pessoais. "Entendo que não se queiram meter numa pugna por respeito a ambos e em nome das relações pessoais que têm. Eu era capaz de fazer igual", comenta.

O PSD será recebido pelo Governo, quarta-feira, para debater as novas medidas de combate ao Covid-19. Rui Rio admite apoiar as propostas do Governo em nome do "interesse nacional". "Em primeiro lugar o país, em segundo o partido, em terceiro nós próprios", enumera Rui Rio.

Quarenta e seis mil militantes decidem este fim de semana quem vai ser o líder do PSD.
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