Política
Entre Políticos
"Sampaio da Nóvoa cumpre os requisitos para poder ser apoiado pelo Livre"
O Livre ainda não decidiu que vai apoiar nas eleições presidenciais do próximo ano, mas, não há dúvidas de que o nome de António Sampaio da Nóvoa - candidato apoiado pelo partido em 2016 - encaixa no perfil idealizado para a próxima corrida eleitoral rumo ao Palácio de Belém.
Fotos de Gonçalo Costa Martins
"É evidente que António Sampaio da Nóvoa cumpre os requisitos para poder ser apoiado pelo Livre. Já o foi há 10 anos. Não tendo ele mudado ideologicamente, não tendo o Livre mudado ideologicamente, faz sentido que possa ser um bom candidato. Outros haverá. Candidatos ou candidatas", disse, no programa Entre Políticos, onde, na sequência das desistências de António Vitorino e Augusto Santos Silva, salientou: "Espero certamente que surjam outros candidatos mais próximos daquele que é o nosso espaço político, coisa que ainda não aconteceu".
Questionado sobre se seria mais fácil para o Livre apoiar Sampaio da Nóvoa do que candidatos já anunciados como António José Seguro ou António Filipe - o candidato que é, até agora, apoiado apenas pelo PCP -, Jorge Pinto reconhece a preferência e admite que não haveria grandes obstáculos a um apoio ao ex-reitor da Universidade de Lisboa.
"Certamente. Acho que não há aqui nenhuma ciência nuclear por trás, desde logo porque tanto António José Seguro como António Filipe são militantes de outros partidos que não o Livre. E, porque, quer um quer outro, não estão naquele que é o espaço ideológico do Livre, do nosso socialismo ecologista e europeísta, que, esperemos, possa ter um candidato ou uma candidata, repito, que cumpra mais estes princípios ideológicos", afirmou.
Para o deputado, caso não venha a concretizar-se uma candidatura de acordo com o perfil esperado pelo partido, terá de haver um processo de reflexão e ponderação que pode, inclusive, culminar na apresentação de um candidato de dentro do partido.
"Nós próprios também teremos de ver, então, se dentro do próprio partido haverá alguém que possa assumir essa candidatura para merecer o nosso apoio, porque é no fundo isso que sairá do nosso referendo interno: qual o candidato mais próximo do Livre e que melhor cumprirá a função de presidente da República", disse.PAN quer candidato que cumpra "agenda" do partido, PCP acredita que António Filipe "alarga" capacidade eleitoral
Com o apoio declarado ao ex-deputado António Filipe, o PCP confia que a escolha não sirva apenas os propósitos dos eleitores habituais do PCP, mas também de outra fatia do eleitorado à esquerda.
"Há um caminho que ainda agora está a começar. Não tenho a menor dúvida de que irão confluir pessoas de muitas áreas, de muitas experiências e de muitos pensamentos, mas que têm como ponto comum, de facto, a importância da defesa da democracia e dos valores da Constituição", disse, na Antena 1, Bruno Dias, membro do Comité Central do PCP.
Segundo o ex-deputado, não há, no Partido Comunista Português, qualquer receio de que uma candidatura de uma figura com o perfil de Sampaio da Nóvoa possa encurtar o espaço eleitoral de António Filipe.
"Seria surpreendente, para quem não esteja mais envolvido no acompanhamento e no debate político, a quantidade de pessoas, à esquerda e até à direita, que demonstram e assumem o respeito pela figura do António Filipe, pela seriedade e integridade e entrega à causa pública que ele tem assumido ao longo desse percurso", defende.
No mesmo sentido, o ex-deputado do PCP insiste que António Filipe será capaz de "alargar" a base eleitoral do partido.
"Pode e está a fazê-lo, muito, porque, como eu digo, o António Filipe não esconde a ninguém que é comunista, mas há muitas pessoas de ideias muito diferentes que, publicamente e poucas horas depois de anunciada a candidatura, vieram valorizar esse projeto de defesa da democracia, da Constituição e dos direitos", assinala Bruno Dias, que conclui: "Isso dá-nos alento e confiança para percebermos que existe essa abrangência, confluência e convergência de tantos democratas e patriotas".
Já Inês Sousa Real, deputada e porta-voz do PAN, refere que tem havido, nas últimas eleições presidenciais, uma "predominância da direita" que "vem desequilibrar o xadrez político", e afirma que é necessário "equilibrar ideologicamente" os diferentes valores que a sociedade portuguesa representa, desde logo, entende, porque António José Seguro não representa todos os valores que o partido quer ver defendidos em Belém.
"Independentemente de ser do centro-esquerda, nem todos os valores que representa são os valores que para o PAN são fundamentais nos desafios que temos. Continuamos a ter nos jovens e nos cidadãos europeus uma grande preocupação com a crise climática", exemplifica a deputada, que não considera essencial que as candidaturas seja extrapartidárias: "Eu não diabolizo os partidos, aliás, eu acho que nós temos pessoas com muita qualidade na vida política".
Questionada sobre um eventual apoio do PAN à candidatura de uma personalidade como Sampaio da Nóvoa, Inês Sousa Real adianta que as eleições autárquicas "não devem ser atropeladas" pelas eleições presidenciais nem pelo processo do Orçamento de Estado: "O PAN está internamente a fazer essa reflexão em relação aos nomes que irá apoiar ou até mesmo através de uma candidatura própria, porque queremos ter a certeza de que o nome que apoiamos, tal como já o fizemos no passado, por exemplo com a Ana Gomes, traduz e reflete os valores que defendemos".
Programa conduzido por João Alexandre da Antena 1.