Secretário-geral adjunto do PS acusa PSD de "populismo" por usar Tancos e já fala na sucessão de Rio
O secretário-geral adjunto do PS acusou hoje o PSD de adotar um "radicalismo defensivo" e de ser populista e demagógico ao usar o caso de Tancos na campanha, avisando que a direita "trabalha já numa alternativa".
"Só falta saber se o Dom Sebastião virá de Bruxelas ou virá de Massamá", afirmou José Luís Carneiro, na abertura das jornadas parlamentares do PS, numa alusão implícita a Paulo Rangel e Pedro Passos Coelho.
Nas jornadas, que decorrem até sexta-feira em Caminha (distrito de Viana do Castelo), José Luís Carneiro fez ainda a defesa do ex-ministro Azeredo Lopes, que recentemente viu o Ministério Público pedir a sua absolvição no caso Tancos, mas também do atual ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita.
"Chamar um assunto de Estado, com essa sensibilidade, à campanha eleitoral exibiu, no mínimo, uma pulsão demagógica. No máximo, uma vertigem populista", criticou, depois de o caso Tancos ter marcado a campanha para as legislativas de 2019.
Para José Luís Carneiro, "a avaliar pela informação pública, Azeredo Lopes foi vítima de um julgamento na praça pública com danos pessoais e políticos graves e irreparáveis".
"E o mesmo tem vindo a acontecer com Eduardo Cabrita. Mas, não tenhamos dúvidas: o alvo é o PS, o primeiro-ministro, António Costa, e o Governo", frisou.
Para José Luís Carneiro, "a direita antes civilizada recorre agora aos métodos e argumentos tremendistas dos populistas", em que não interessa se tem ou não razão, "importa é dizer mal do PS e do Governo".
"Azar dos Távoras, todos os dias as instâncias judiciais têm vindo a dar razão às nossas posições", ironizou.
Para o secretário-geral adjunto, o posicionamento do PSD, que classificou como de "radicalismo defensivo", "contribui para diluir o grande espaço político de diálogo entre o centro-direita e o centro-esquerda"
"Quer pela superficialidade das posições políticas, tomadas em modo `tweet`, quer pelo radicalismo da linguagem", precisou.
O secretário-geral adjunto do PS atacou ainda as críticas do PSD quanto à escolha do Procurador Europeu - "poderia ter estado em causa o prestígio da presidência portuguesa da União Europeia" - e o recente congresso do Movimento Europa e Liberdade (MEL), que ficou conhecido como o Congresso "das direitas".
"No fim de contas o que descobriram? Que, tirando a vontade de chegar ao poder, pelo poder, sobra a vontade para desconstruir. A vontade para desconstruir as conquistas do Estado social: na saúde, na educação, na segurança e na proteção sociais", disse.
E, acrescentou, "ficaram desoladas as direitas" depois de terem ouvido do líder do PSD, Rui Rio (de quem nunca refere o nome), dizer que o partido não é de direita, e, por isso, "trabalham já numa alternativa".
"Mas que grande contributo poderia dar o maior partido da oposição, se por acaso tivesse a audácia de apresentar uma proposta política alternativa para o País. Infelizmente, não. Não têm sido consequentes", lamentou.