Seguro é o novo líder dos socialistas

As eleições para secretário-geral do PS deram uma vitória clara a António José Seguro. O resultado oficial da votação confirma que Seguro obteve com 67,98 por cento dos votos contra 32,02 por cento do seu adversário Francisco Assis. No discurso de vitória o novo líder do PS deixou avisos ao Governo de Pedro Passos Coelho, garantindo que não está disponível para alterações constitucionais que ponham em causa o estado social ou os direitos laborais.

RTP/Lusa /
António José Seguro foi eleito secretário-geral do PS com 67,98 por cento dos votos António Cotrim,EPA

António José Seguro foi eleito com 23.903 votos contra 11.257 votos de Francisco Assis. Os dados oficiais, divulgados pela Comissão Organizadora do Congresso do PS, indicam que também foram registados 216 votos brancos e 151 votos nulos.

No que respeita à eleição dos delegados para o XVIII Congresso Nacional do PS, as listas subscritas por António José Seguro conseguiram uma vantagem ainda maior do que na eleição do secretário-geral, já que venceram por larga margem em todas as federações do país, incluindo no Porto, considerado um bastião de Francisco Assis.

Num total de 1.857 delegados, as listas de Seguro elegeram 1.346 delegados, contra 511 de Francisco Assis.

Em termos de participação, mais de 34 mil militantes votaram nestas eleições. Um número superior ao que se verificou nas eleições diretas de 2006, 2009 e 2011, quando José Sócrates se candidatou ao cargo de secretário-geral sem oposição.

Seguro promete renovar o PartidoNo seu discurso de vitória o novo secretário-geral do PS prometeu renovar o partido ao nível dos protagonistas e adiantou que tenciona iniciar, já na quinta-feira, o processo que implementará a regra da liberdade de voto na bancada socialista.

Começando por saudar Francisco Assis, o seu adversário derrotado, António José Seguro disse que "ser líder do PS é simultaneamente uma honra, uma responsabilidade e uma oportunidade", adiantando que a carga de responsabilidade é agora "acrescida" face à difícil conjuntura nacional e internacional.

Na intervenção, o vencedor das eleições prometeu mudanças a nível interno: "novas ideias, novos protagonistas, novos projetos, novos diálogos, uma nova interação do partido com a sociedade, uma nova forma de fazer política para as pessoas e com as pessoas".

Em termos imediatos, Seguro prevê que tenha lugar "o processo de renovação do PS promovendo o debate político e valorizando a militância", adiantando que o Congresso Nacional de setembro já terá novidades quanto a este propósito".

Novo líder do PS deixa avisos ao Governo PSD/CDS
No discurso de 15 minutos, em que que não houve direito a perguntas, António José Seguro avisou também a maioria PSD/CDS que os socialistas nunca aceitarão que sejam colocadas em causa as funções sociais do Estado e o equilíbrio das relações laborais estabelecido na Constituição da República.

O novo secretário-geral socialista garantiu que os socialistas serão face ao Governo "oposição firme, responsável, construtiva e leal" mas estabeleceu limites à cooperação com o Governo numa eventual reforma constitucional:

"O PS não considera que exista um problema constitucional em Portugal e será firme na defesa das funções sociais do Estado e no equilíbrio das relações laborais estabelecido nos princípios constitucionais", disse.

Memorando com a troika "não suspende a política"Seguro afirmou também que o partido socialista cumprirá o memorando de assistência financeira assinado com a “troika” mas avisou que não abdicará "de apresentar soluções alternativas de acordo com a declaração de princípios do partido e com o mandato recebido pelos portugueses", adiantando que  "o memorando não suspende a política".

Para o novo secretário geral do PS o tempo que vivemos “exige rigor, mas também, mais do que nunca, um forte sentido de sensibilidade social". Nesta mesma ótica, António José Seguro lamentou que os primeiros sinais vindos do novo Governo “não sejam bons” :

"Aumento de impostos, contrariando uma promessa eleitoral; injustiça social ao estabelecer que o novo imposto atinge os rendimentos do trabalho, deixando de fora a riqueza e os rendimentos oriundos do capital; rutura com os compromissos assumidos com os parceiros sociais, fragilizando os direitos dos jovens trabalhadores" referiu.

Ainda na mesma ocasião, António José Seguro disse também que o combate à corrupção será uma das suas principais prioridades afirmando que "o PS combaterá a corrupção com grande disponibilidade para acordos parlamentares, com todos os partidos, de modo a que seja possível acabar com esta praga que mina o Estado de Direito democrático.

Assis apela à unidade em torno do novo líderO candidato derrotado nestas eleições foi Francisco Assis que assumiu os resultados num discurso feito sábado à noite. Na ocasião Assis apelou à unidade do PS em torno do novo líder.

"O PS não optou por mim, mas eu há muito tempo que optei pelo PS", disse, garantindo que "não cultiva o ressentimento". "Não concebo oposições internas", acrescentou Francisco Assis.

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