Política
Sócrates acusa António Costa de cobardia ao manter silêncio
À saída da primeira sessão do julgamento do Processo Marquês, José Sócrates falou sobre o ex-líder do PS e ex-primeiro-ministro para lamentar que António Costa se tenha mantido em silêncio em relação a questões que têm a ver com a sua relação com Manuel Pinho e Ricardo Salgado Espírito Santo.
Foto: Miguel A. Lopes - Lusa
Para o ex-ministro, a atitude de António Costa "é apenas cobardia". Admite que o distanciamento em relação a António Costa lhe causou "algum sofrimento, mas isso foi há 10 anos, não agora. São águas passadas".
Segundo a acusação do Ministério Público (MP), Manuel Pinho, que foi ministro da Economia no Governo socialista de José Sócrates, terá sido indicado pelo ex-presidente do Banco Espírito Santo (BES), Ricardo Salgado, para interceder no executivo em benefício dos interesses de Salgado.
"Eu não tinha nenhum conhecimento com o Ricardo Salgado. A minha relação com o Manuel Pinho começou justamente quando o doutor António Costa me apresentou", disse Sócrates.
Sobre a sessão de hoje, Sócrates disse sair do tribunal com "uma sensação de `déjà-vu`, de já ter visto este filme", insistindo que já provou a sua inocência na fase de instrução e que o julgamento vai voltar a discutir tudo o que já foi discutido em três anos de instrução.
José Sócrates argumentou que "há uma nulidade absoluta" neste julgamento, uma vez que o acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa que sustenta a acusação em julgamento não pode legalmente ser encarado como um despacho de pronúncia.
"Não é. Isso é falso. (...) A Relação não pode pronunciar ninguém, nenhum cidadão, a não ser que seja procurador ou que seja juiz. Ora, eu não sou nem procurador, graças a Deus, nem juiz. E, portanto, não posso ser pronunciado pela Relação como elas [as juízas] pretendem. Isto é, as juízas estão aqui a manter um embuste", disse Sócrates.
Tal como tinha feito à entrada, Sócrates afirmou que a acusação assenta na ideia de um "lapso de escrita" do MP, levando a uma alteração da qualificação dos crimes imputados apenas com o objetivo de manter a possibilidade de o levar a julgamento.
"Para quê? Para humilhar. Porque no fundo, no fundo, tudo isto tem um objetivo. O objetivo de todo este espetáculo é a humilhação", disse.
c/ Lusa