Sócrates despediu-se com um emotivo "eu adoro-vos"

por RTP
Alguma emoção no momento da despedida de José Sócrates da liderança do Partido Socialista António Cotrim/Lusa

O Partido Socialista vai eleger o sucessor de José Sócrates a 23 de julho com a realização do congresso extraordinário a 9, 10 e 11 de outubro. O secretário-geral cessante esteve ontem na reunião da Comissão Nacional de quem se despediu com um emotivo “eu adoro-vos” abrindo caminho à sucessão que será discutida por António José Seguro e Francisco Assis depois da desistência de António Costa.

José Sócrates esteve pouco mais de 10 minutos na reunião de ontem da Comissão Nacional do Partido Socialista de quem se despediu com uma mensagem curta, deixando aos seus companheiros de partido como últimas palavras um emotivo “eu adoro-vos”.

Enquanto esteve presente na reunião José Sócrates limitou-se a apresentar o calendário para o processo da sua sucessão na liderança dos socialistas, o que abriu desde logo uma frente de discórdia entre as duas já assumidas candidaturas, de António José Seguro e Francisco Assis, depois de terem saído de cena António Costa e Maria de Belém.

O secretário-geral cessante do PS propôs que a eleição do seu sucessor no cargo se faça a 23 de julho e o congresso extraordinário dos socialistas entre 9 e 11 de setembro, datas que acabaram por ser aceites pelos apoiantes de Seguro, que, no entanto, preferiam o congresso mais perto da eleição, enquanto o núcleo associado a Assis apresentou como proposta para a eleição direta o dia 24 de setembro e o congresso extraordinário entre 7 e 9 de outubro.

Esta versão de Assis seria, no entanto, negada pelo próprio já no final da reunião da Comissão Nacional ao afirmar que nem participou nessa votação, mas, durante a reunião, os seus principais apoiantes, como Manuel Pizarro e Marcos Perestrello, bateram-se por esse calendário, ao contrário da corrente oposta de António José Seguro.

O 'núcleo duro' de Seguro preferia o congresso extraordinário logo após a eleição do novo líder para que este não tivesse que conviver muito tempo com os dirigentes ainda escolhidos por José Sócrates, enquanto a corrente ligada a Assis pretendia ganhar tempo ao reconhecer que a máquina da candidatura de António José Seguro já está desde segunda-feira no terreno.

António Costa fora da corrida
Quem está fora da corrida à sucessão de José Sócrates é o atual presidenta da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, que anunciou não estar disponível para se candidatar ao cargo de secretário-geral do PS por entender que o seu partido precisa de um líder a tempo inteiro assim como o município de Lisboa também precisa de um presidente a tempo inteiro.

Apesar desta tomada de posição de António Costa, o autarca de Lisboa poderá avançar para a candidatura ao cargo de presidente do partido, substituindo no cargo Almeida Santos, ao mesmo tempo que se concentrará no apoio à candidatura de Francisco Assis ao cargo de secretário-geral dos socialistas.

Seguro na corrida

Quem parece pronto e já com a máquina de candidatura no terreno é António José Seguro que, no entanto, ontem à saída da reunião da Comissão Nacional do partido anunciou que até ao final da semana fará uma declaração pública sobre a sua eventual entrada na corrida à liderança do PS.

"A responsabilidade de um grande partido é estar à altura das responsabilidades, pensar em primeiro lugar no país e nos portugueses. Foi hoje aberto o processo eleitoral conducente à eleição do secretário-geral do PS. Esta semana farei uma declaração pública em que transmitirei aos portugueses e aos militantes do PS a minha posição sobre este novo ciclo", declarou Seguro aos jornalistas.

Assis com apoio de António Costa
Na corrida ao lugar de secretário-geral do Partido Socialista, António José Seguro terá como adversário Francisco Assis que levará agregado na sua candidatura o nome de António Costa para presidente do partido.

Mesmo assim Francisco Assis não anunciou formalmente a sua candidatura na noite de ontem tendo preferido adiar o ato oficial da corrida ao lugar de José Sócrates, o que fará após uma reflexão profunda de análise entre a sua vontade e a vontade de largos setores do partido.

Segundo o líder parlamentar cessante do PS "há que fazer uma ponderação rigorosa e profunda, designadamente se há uma articulação entre a vontade individual e aquilo que são as aspirações de largos setores do partido”.

Já em relação à desistência de António Costa, Assis disse respeitar a decisão assumida pelo presidente da Câmara de Lisboa, uma posição que, no seu entender, abriu “um quadro político novo no interior do PS” já que “muitos militantes tinham expetativa na apresentação de uma candidatura por parte de António Costa".

Interrogado se espera o apoio do presidente da Câmara de Lisboa à sua candidatura, Assis disse que, se tomar a decisão de avançar na corrida à liderança, ficaria "satisfeito se não apenas apoiasse como também participasse ativamente na sua candidatura".


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