Sócrates pede demissão e responsabiliza oposição

por RTP
Esta crise terá “consequências gravíssimas” para Portugal no que respeita aos mercados financeiros Andre Kosters, Lusa

O primeiro-ministro pediu a demissão ao Presidente da República, na sequência da rejeição do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) na Assembleia da República, confirmou fonte de Belém. José Sócrates anunciou tencionar candidatar-se a novas eleições, manifestando confiança na “vontade dos portugueses” e lamentando que “a ansiedade pelo poder tenha posto em causa o interesse nacional”.

“Hoje os partidos retiraram todas as condições ao Governo para continuar a governar. Fizeram-no sem apresentar alternativa, sem abrir espaço para o diálogo político de forma consciente”, afirmou José Sócrates, para assim justificar o pedido de demissão apresentado a Cavaco Silva.

A Presidência da República confirma o pedido e avança que Cavaco Silva promoverá, sexta-feira, “audiências com os partidos representados na Assembleia da República”.

O primeiro-ministro demissionário avançou que o chumbo vai implicar o pedido de ajuda externa por Portugal, a exemplo da Irlanda, porque o país não consegue resolver os seus problemas. José Sócrates sublinhou que os mecanismos de ajuda externa implicam “medidas muito mais duras” do que as preconizadas na quarta versão do PEC.

O primeiro-ministro lamentou ainda que os partidos da oposição não tenham apresentado alternativas às medidas consignadas e notou que as medidas contavam com a aprovação das instituições europeias.

“Esta crise acontece no pior dos momentos para Portugal”, destaca José Sócrates, que disse pretender cumprir “o seu dever dentro das competências que são próprias de um Governo de gestão, com a consciência da gravidade da situação com que o país acaba de ser atirado".

O Chefe do Governo, sem referir diretamente o presidente do PSD, atribui responsabilidades pela crise política àqueles que a criaram por causa da “sofreguidão pelo poder, a impaciência pelo poder”. “Esta atitude de obstrução às funções do Governo não é nova e não é de agora”, é desde que o Governo entrou em funções, sublinha.

“O que se passou hoje na Assembleia da República não tem a ver comigo, nem com o Governo, tem a ver com o país (…) hoje acrescentou-se uma crise política à crise económica”, acrescenta José Sócrates, apontando que a demissão do Governo terá “consequências gravíssimas” junto dos mercados financeiros.

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