Sousa Real recandidata-se para unir partido contra lista opositora ausente em protesto

O X Congresso Nacional do PAN, este sábado, em Coimbra, elege uma nova direção, com Inês de Sousa a recandidatar-se, visando unir o partido, frente à candidata Carolina Pia, ausente em protesto pela alegada falta de "garantias democráticas".

Lusa /

A reunião, na qual participam 114 delegados, vai decorrer no Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra (ISCAC) e terá como foco a eleição da nova Comissão Política Nacional (CPN) e do porta-voz (líder) do PAN, bem como a eleição do Conselho de Jurisdição Nacional CJN), a discussão de uma proposta de alterações aos estatutos e o debate de moções setoriais.

O PAN vai também definir a orientação e estratégia política para os próximos anos, depois de nas últimas legislativas ter visto diminuir o número de votos e após meses de conturbação interna, com a demissão de vários dirigentes e a saída de dezenas de militantes.

Este Congresso terá duas candidaturas: Inês de Sousa Real, porta-voz do partido desde junho de 2021 e única deputada do PAN, que se recandidata a um terceiro mandato, e Carolina Pia, ex-líder distrital em Viseu, que se demitiu da Comissão Política Nacional (CPN) em maio por divergências com a direção atual.

Sousa Real apresenta uma moção global estratégica com 41 subscritores, tendo, como números 2 e 3 da lista, Hugo Alexandre Trindade e Tânia Mesquita, dois atuais dirigentes. Conta também com o apoio de nomes como Sandra Pimenta, Sílvia Marques, Mónica Freitas, e o último cabeça de lista do partido nas Europeias, Pedro Fidalgo Marques.

Destaca-se também a ausência de alguns nomes da atual direção (eleitos pela lista da porta-voz no último Congresso) como Marta Correia, Rafael Pinto, António Morgado Valente ou Alexandra Reis Moreira (presidente da mesa da CPN).

Na moção da lista B, sob o lema "Em frente, pelas causas", Sousa Real identifica um problema de "tensão interna" no PAN, mas apela a uma reconciliação e defende que um partido "não se mede pelos seus momentos de ruído", mas sim pela "capacidade de se reerguer", comprometendo-se a "reconstruir confiança, uniar sensibilidades e voltar a fazer do PAN uma referência".

A lista define como "eixos estratégicos para o futuro" a sustentabilidade ambiental, os direitos dos animais, a justiça social e inclusão e assume como "novas prioridades programáticas" questões como a regulação de inteligência artificial, transição alimentar, justiça intergeracional e futuro do trabalho e saúde mental e bem-estar.

Apresenta também uma proposta de alterações aos estatutos, que Sousa Real diz ser, em grande parte, uma resposta a novas exigências do TC em matéria disciplinar, mas há também alterações de teor político como a criação dos núcleos distritais da juventude partidária do PAN.

A lista A, liderada por Carolina Pia, embora se mantenha como uma das opções no boletim de voto, não comparecerá ao Congresso por considerar não estarem asseguradas as "garantias democráticas" para a realização dos trabalhos, criticando a impossibilidade de serem eleitos delegados por distritais consideradas inativas, uma norma que diz impedir o acesso ao voto a filiados em zonas que não estão sob o controlo da direção.

Carolina Pia submeteu um pedido de impugnação da reunião magna ao Tribunal Constitucional, mas reconheceu que a sua candidatura é agora "meramente simbólica". Embora admita que Inês de Sousa Real deverá ser reeleita, Pia defendeu que a sua lista representa "um sinal de vida e de esperança para os filiados e simpatizantes que ainda acreditam nos valores e no potencial que o PAN deveria trazer à vida política nacional".

À Lusa, Sousa Real disse lamentar o que qualifica de "imaturidade" de Carolina Pia, considerando-a uma "falta de respeito para com todos os filiados" , e considerou os argumentos apresentados falsos e "falácias para deitar abaixo" a atual direção.

Sobre os pedidos de impugnação apresentados ao TC, Sousa Real frisou que não foi feito qualquer requerimento interno sobre o assunto ao Conselho de Jurisdição do partido - uma alegação desmentida por Carolina Pia, que enviou à Lusa um comprovativo de um pedido feito em novembro à jurisdição do PAN - acrescentando que, uma vez que tais pedidos devem ser submetidos internamente antes de serem encaminhados para o Constitucional, este processo não passa de um "expediente dilatório" para perturbar o partido.

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