TAP. Luís Montenegro acusa Governo de "arranjar bodes expiatórios"

por RTP

O presidente do Partido Social Democrata, Luís Montenegro, afirmou esta noite que mantém as dúvidas sobre o processo de indemnização da TAP a Alexandra Reis, apesar dos anúncios do ministro das Finanças, Fernando Medina, e do ministro das Infraestruturas, João Galamba, esta tarde.

Um relatório da Inspeção Geral das Finanças, IGF, sobre a indemnização, concluiu que houve "irregularidades graves" em todo o processo, levando Fernando Medina a decidir exonerar por "justa causa" o presidente do Conselho de Administração e a presidente executiva da transportadora aérea portuguesa.

Luís Montenegro afirmou que não ficaram esclarecidas as dúvidas "nem de perto nem de longe".

O relatório da IGF "veio confirmar o que já suspeitávamos", referiu o social-democrata, acrescentando que aguarda agora os próximos "episódios jurídicos".

Já sobre as responsabilidades políticas, Luís Montenegro acusou o Governo de querer "sacudir a água do capote" ao "empurrar apenas para a administração da TAP" as responsabilidades através das demissões do chairman e da CEO.

"Cumpre dizer que o presidente do Conselho de Administração e a presidente da Comissão Executiva exercem a sua função de acordo com as orientações e a tutela do acionista, que neste caso é, também, o Ministério das Finanças", frisou o líder dos social-democratas.

O Governo "quer arranjar bodes expiatórios para uma responsabilidade política que é sua, nomeadamente do seu ministro das Finanças", frisou.

Fernando Medina "não se pode esquecer que assinou também o despacho da nomeação da engenheira Alexandra Reis para a NAV e foi ele que a foi convidar também para secretária de estado do tesouro do seu próprio ministério", lembrou também Luís Montenegro, referindo que, se não fossem estas decisões, talvez nunca o caso a envolver Alexandra Reis tivesse chegado ao conhecimento público.

O líder do PSD apelou a esclarecimentos sobre a ocorrência de outros casos semelhantes na TAP, "desde que ela é pública". "É importante saber se há mais situações, quais são, quem é que as decidiu e quais foram as tutelas que acabaram por anuir nessas decisões", referiu.

"O que temos visto é uma total ligeireza por parte dos membros do Governo", lamentou ainda Montenegro, lembrando os diversos episódios que envolveram a demissão do ministro Nuno Santos, perante a ignorância declarada de Fernando Medina e considerando que a responsabilidade por todo este caso cabe a António Costa.

"O sr ministro das Finanças está cada vez mais diminuído na sua autoridade política e na sua credibilidade para o exercício da função", afirmou Luís Montenegro, reconhecendo que "compete ao primeiro-ministro fazer essa avaliação".

"Se eu fosse primeiro-ministro, o ministro das Finanças que tivesse agido como agiu o dr Fernando Medina já não era ministro das Finanças", garantiu o líder do PSD.

Já sobre a privatização, Luís Montenegro considerou que o importante é o Governo explicar aos portugueses porque recuou no que "já estava feito" pelo PSD, em 2015, estranhando "como é que um Governo que renacionalizou a companhia, por sua vontade, não era obrigado a fazê-lo, depois de gastar lá 3.200 milhões de euros, vai afinal coloca-la exatamente no ponto em que estava quando iniciou funções".

"É uma irresponsabilidade, como eu tenho dito, é um crime financeiro", considerou.

Sobre o novo presidente nomeado para dirigir a TAP espera que possa trazer de novo a paz à companhia e "possa sobretudo valoriza-la".
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