Vila Nova de Gaia não é um dormitório do Porto, "tem tudo"

No terceiro concelho com mais habitantes do país há dois lamentos transversais: os transportes e a habitação. Em Vila Nova de Gaia, mais de 300 mil habitantes e 267 mil eleitores vão escolher entre oito candidatos. Luís Filipe Menezes volta à corrida.

Nuno Amaral /

Fotos: Miguel Soares

Com as mãos na água, no tanque da Afurada, uma mulher lava os tapetes da Mãe. E diz que a freguesia “tem tudo, é muito linda”. A Afurada vive com a cara no rio Douro e os olhos no mar. A mulher, Rosa Marques, antiga varina, retifica : “ Ah, faltam transportes, estamos aqui isolados”.

À frente, no miolo de casas de azulejo, Zulmira Soares solta um pregão. "Olha a faneca fresquinha…". E canta o hino da Afurada. “Problemas? As camionetas que nunca chegam a horas”.

Da zona ribeirinha à beira-mar, da zona rural ao centro da cidade, sãos estes os suspiros, em tom de apelo ao poder político: transportes e habitação.
Já no centro, Santo Ovídio é a placa giratória do terceiro concelho mais populoso do país. Cristina Silva sai da estação de Metro por onde passam em média 16 mil pessoas por dia. Os olhos soltam orgulho. “Gaia é muito melhor que o Porto. O Porto só tem turistas”, atira. E continua: “ Se tivesse que aconselhar jovens, dizia-lhes para virem viver para Gaia. O problema é o preço da habitação”. 

Em passo apressado, há um Metro para apanhar. Ilciene Andrade escolheu esta cidade para viver quando saiu do Brasil. “Tem tudo o que preciso, pena é o preço das casas”.

A 12 quilómetros do centro, Avintes é uma vila conhecida pela broa. E pela vida rural. Distante vida no campo, demasiado distante. “Se queremos ir para o centro ficamos horas à espera de autocarros, horas”, avisa Fernando Marques. "A UNIR não funciona, foi o pior que fizeram”, continua. 

A UNIR, a rede de transportes que liga os 17 concelhos da Área Metropolitana do Porto. Um projecto do qual Gaia vai desvincular-se caso o candidato socialista, João Paulo Correia, chegue à cadeira grande do município. O antigo presidente da Junta de Mafumude, em Gaia, e antigo Secretário de Estado da Juventude e Desporto concorre coligado com o PAN. "Uma das primeiras medidas que vamos tomar é quebrar o contrato com a UNIR”, promete. Criar programas para resolver a crise da habitação é outras das prioridades do socialista.
As eleições autárquicas em Vila Nova de Gaia estão a ser marcadas pelo regresso de Luís Filipe Menezes, que já governou a cidade entre 1997 e 2013
Menezes volta agora a concorrer numa coligação PSD, CDS e Iniciativa Liberal. Diz que não resistiu aos apelos que recebeu. Nem conseguiu “escapar” à missão de “tirar Gaia do abandono” em que se encontra. “Vamos trabalhar muito para resolver os problemas dos transportes e da habitação”.

Vamos construir uma cidade de e para o futuro”, diz o também antigo presidente do PSD.

Mobilidade e habitação ocupam um lugar cimeiro nas candidaturas de António Barbosa, do Chega, de André Araújo, da CDU; de João Martins, que encabeça a coligação BE/Livre, de Rui Sequeira, do ADN, de Daniel Gaio, do Volt e de Catarina Costa, do Partido Liberal Social.
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