Política
Autárquicas 2025
Vila Nova de Gaia não é um dormitório do Porto, "tem tudo"
No terceiro concelho com mais habitantes do país há dois lamentos transversais: os transportes e a habitação. Em Vila Nova de Gaia, mais de 300 mil habitantes e 267 mil eleitores vão escolher entre oito candidatos. Luís Filipe Menezes volta à corrida.
Fotos: Miguel Soares
Com as mãos na água, no tanque da Afurada, uma mulher lava os tapetes da Mãe. E diz que a freguesia “tem tudo, é muito linda”. A Afurada vive com a cara no rio Douro e os olhos no mar. A mulher, Rosa Marques, antiga varina, retifica : “ Ah, faltam transportes, estamos aqui isolados”.
À frente, no miolo de casas de azulejo, Zulmira Soares solta um pregão. "Olha a faneca fresquinha…". E canta o hino da Afurada. “Problemas? As camionetas que nunca chegam a horas”.
Da zona ribeirinha à beira-mar, da zona rural ao centro da cidade, sãos estes os suspiros, em tom de apelo ao poder político: transportes e habitação.
Em passo apressado, há um Metro para apanhar. Ilciene Andrade escolheu esta cidade para viver quando saiu do Brasil. “Tem tudo o que preciso, pena é o preço das casas”.
A 12 quilómetros do centro, Avintes é uma vila conhecida pela broa. E pela vida rural. Distante vida no campo, demasiado distante. “Se queremos ir para o centro ficamos horas à espera de autocarros, horas”, avisa Fernando Marques. "A UNIR não funciona, foi o pior que fizeram”, continua.
A UNIR, a rede de transportes que liga os 17 concelhos da Área Metropolitana do Porto. Um projecto do qual Gaia vai desvincular-se caso o candidato socialista, João Paulo Correia, chegue à cadeira grande do município. O antigo presidente da Junta de Mafumude, em Gaia, e antigo Secretário de Estado da Juventude e Desporto concorre coligado com o PAN. "Uma das primeiras medidas que vamos tomar é quebrar o contrato com a UNIR”, promete. Criar programas para resolver a crise da habitação é outras das prioridades do socialista.
Menezes volta agora a concorrer numa coligação PSD, CDS e Iniciativa Liberal. Diz que não resistiu aos apelos que recebeu. Nem conseguiu “escapar” à missão de “tirar Gaia do abandono” em que se encontra. “Vamos trabalhar muito para resolver os problemas dos transportes e da habitação”.
“Vamos construir uma cidade de e para o futuro”, diz o também antigo presidente do PSD.