XIV Convenção. Mortágua quer BE a "mudar quase tudo", Pureza promete "fazer todos os diálogos"

O Bloco de Esquerda muda este fim de semana de coordenação, com Mariana Mortágua a deixar livre o cargo para José Manuel Pureza.

Joana Raposo Santos - RTP /
Foto: José Sena Goulão - Lusa

Decorre este fim de semana a XIV Convenção Nacional do Bloco de Esquerda, marcada pela despedida da atual coordenadora, Mariana Mortágua, que quer ver o partido a “mudar quase tudo” de modo a tornar a esquerda mais forte. José Manuel Pureza, que se prepara para ocupar o cargo, promete “fazer todos os diálogos que forem necessários”.

“Para crescer, temos de aprender e temos de mudar. O mundo mudou, a política mudou, e o Bloco tem de mudar quase tudo. E quase tudo não é demais”, declarou Mariana Mortágua no seu discurso de abertura da convenção, que se realiza em Lisboa.

“Só não mudamos a fibra de que somos feitos, porque nestes tempos, quem não tiver uma âncora forte vai ser arrastado pela corrente. E é dessa mudança que falará esta convenção”, frisou.

A coordenadora do BE vincou ainda que “o plano da extrema-direita é expandir os limites do aceitável, contaminar o chão por onde passa, arrastar consigo os políticos de oportunidade e os comentadores da situação”.

“Estão a conseguir apodrecer o senso-comum”, considerou a bloquista.
Telejornal, 29 de novembro de 2025

Já à entrada da convenção, Mariana Mortágua tinha defendido que é necessária “uma mudança em Portugal”.

“Nós precisamos de uma esquerda mais forte. E o Bloco de Esquerda vai ser parte essencial desse futuro”, defendeu, em declarações aos jornalistas. “As ideias de direita conservadora estão a ganhar terreno em Portugal” e “a esquerda tem de pensar como é que combate esta direita à qual não estávamos habituados”.

“O mundo mudou. A direita mudou. As mentalidades estão a mudar, e portanto a esquerda tem de mudar também”, vincou a coordenadora.

A convenção deste fim de semana será “o espaço para nós podermos debater o que achámos que fizemos melhor ou menos bem”, explicou, reconhecendo que os resultados do partido nos últimos dois anos “não corresponderam às expectativas nem àquilo que era necessário para o país”.

Mariana Mortágua acredita que as circunstâncias tiveram um papel nesse desempenho e defendeu que o necessário agora é “olhar para o futuro” e decidir que caminho é necessário trilhar.

“Uma parte dessa mudança é uma renovação da direção do Bloco de Esquerda, dos quadros, da composição da própria Mesa Nacional. E as listas que estão em cima da mesa acho que cumprem esse objetivo de renovação ampla. Agora temos de discutir a linha política e ir ao debate. E esta convenção é isso”, afirmou.
Pureza defende diálogo abrangente para refazer programa
À entrada da convenção, José Manuel Pureza, que irá ocupar o cargo de Mariana Mortágua, prometeu, “com humildade, fazer todos os diálogos que forem necessários para que a esquerda reganhe iniciativa e força no nosso país”.

“O Bloco tem isso no seu ADN e vai procurar cumpri-lo”, garantiu o bloquista, reconhecendo, porém, que “os diálogos são sempre difíceis porque nos obrigam a pormo-nos em causa”.

“Mas essa é a minha vida, portanto eu não farei outra coisa senão dar tudo aquilo que sei” para concretizar esses diálogos, assegurou.

Na visão de Pureza, a força da esquerda “é absolutamente necessária para pôr termo à agressão brutal de que o nosso povo está a ser vítima por parte da extrema-direita”.

Para captar de novo os eleitores, “é preciso um programa que seja capaz de dar resposta ao que hoje está a acontecer no nosso país e no mundo”, que estão a mudar “de forma muito assustadora”, alertou.

O candidato à coordenação defendeu ainda que o partido fale “com muita gente”, tanto independente como de outros partidos, para refazer o programa político.

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