FBI investiga militares destacados para a tomada de posse de Joe Biden

por RTP
Michael Reynolds - EPA

O Departamento Federal de Investigação dos Estados Unidos (FBI, na sigla em inglês) está a investigar todos os militares que estão a preparar e vão estar presentes na tomada de posse de Joe Biden. Os responsáveis da Defesa estão preocupados com um possível ataque interno, ou outra ameaça de membros de serviços e forças de segurança envolvidos na cerimónia.

É a maior operação de segurança realizada num processo de transição presidencial nos Estados Unidos e envolve a investigação de 25 mil soldados da Guarda Nacional. Nas vésperas da investidura de Joe Biden, marcada para quarta-feira, as forças de segurança norte-americanas não descartam a possibilidade de haver algum ataque interno.

O secretário do Exército, Ryan McCarthy, assegurou que as patentes estão conscientes da potencial ameaça e atentas a quaisquer a partir das suas fileiras, à medida que a tomada de posse de Joe Biden se aproxima. Até agora, porém, MacCarthy e outros líderes dizem não ter visto quaisquer provas de ameaças.

"Estamos continuamente a analisar todos os procedimentos" e a verificar "cada um dos indivíduos que integram esta operação", disse McCarthy, numa entrevista à Associated Press após um exaustivo exercício de segurança de três horas, em preparação para a inauguração de quarta-feira.

Esta operação de segurança, liderada pelos serviços secretos, envolve membros de várias agências e polícias, assim como as mais altas patentes do Pentágono. O centro de Washington está fechado e rodeado por barreiras de metal, com controlos montados em vários pontos.

Cerca de 25 mil membros da Guarda Nacional estão a chegar a Washington de todo o país, sendo analisados rotineiramente. Nesse sentido, o FBI está a investigar individualmente cada um dos soldados da Guarda Nacional designados para garantir a segurança da cerimónia, em Washington. Até agora, não há indicações ou ameaças específicas, mas os comandantes mantêm-se em alerta.

"Temos de pôr em prática todos os mecanismos para examinar minuciosamente estes homens e mulheres que apoiariam qualquer operação como esta", explicou McCarthy.

A verificação do FBI envolve, portanto, a verificação dos nomes das pessoas através de bases de dados e listas de observação, que possam incluir o envolvimento em investigações anteriores ou preocupações relacionadas com o terrorismo, explicou um antigo supervisor de segurança nacional do FBI, David Gomez.
Segurança nacional reforçada
A cerimónia de juramento do presidente eleito vai ocorrer no Capitólio e, por segurança, o edifício foi isolado e foram mobilizados mais militares do que em tomadas de posse anteriores. Com um número tão expressivo de soldados envolvidos, não se descarta que haja, entre estes, simpatizantes dos grupos que invadiram a sede do Congresso norte-americano a 6 de janeiro.

Christopher Miller, secretário de defesa interino, confirmou que o Pentágono estava a investigar os Guardas Nacionais e agradeceu ao FBI pela colaboração.

"Esse tipo de verificação normalmente ocorre para garantir a segurança de eventos importantes. No entanto, neste caso, a necessidade da participação militar é única. A Guarda Nacional de DC também está a dar treino extra aos militares que chegam para que se virem ou ouvirem algo que não seja apropriado relatem logo aos comandos", escreveu num comunicado.

É comum que o Exército dos Estados Unidos verifique periodicamente as ligações entre soldados e extremismo, como explicou Christopher Miler. Mas o facto de essa análise passar agora também pelo FBI indica uma medida de segurança adicional antes da investidura.

"Como é normal no apoio militar a grandes eventos de segurança, o FBI investigará os Guardas Nacionais que estão em Washington. Embora não tenhamos informações que indiquem uma ameaça interna, não estamos podemos diminuir a segurança da capital", lê-se ainda.

Já o General Daniel R. Hokanson, chefe do Gabinete da Guarda Nacional, tem vindo a reunir-se com as tropas da Guarda quando chegam a Washington e considera que existem bons processos para identificar quaisquer potenciais ameaças.

"Se houver alguma indicação de que algum dos nossos soldados está a expressar coisas que são opiniões extremistas, ou é entregue às forças da lei ou a situação tratada imediatamente na cadeia de comando", disse.

A presença de alguns militares e veteranos de guerra na manifestação que levou à invasão do Capitólio levou a esta maior preocupação quanto à possibilidade de um eventual perigo interno na quarta-feira, durante a investidura de Biden.

Já na semana passada o FBI informou que há vários grupos armados que estão a organizar manifestações para estes dias, em Washington e noutras grandes cidades, e que a maior preocupação dos serviços de informações é a eventualidade de poderem ser usados explosivos ou bombas artesanais.

Os investigadores dizem, no entanto, que os bloqueios em redes sociais habitualmente utilizadas por extremistas de direita nos últimos dias deixaram muitos grupos desorganizados. Além disso, as detenções de pessoas que participaram no ataque ao Capitólio dissuadiram muitos extremistas a participar nos protestos.

Recorde-se que no passado dia 6 de janeiro, milhares de apoiantes de Donald Trump, e simpatizantes da extrema-direita, invadiram o Capitólio, que alberga o Senado e a Câmara dos Representantes, que nesse dia reuniam para o último passo da confirmação de Joe Biden como Presidente.

Cinco pessoas morreram nos confrontos que se seguiram a esta invasão, incluindo um agente da polícia do Capitólio.
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