Pedrógão Grande em vídeo 360

por Daniel Catalão - RTP
Pedro A. Pina - RTP

Ao fim de um mês, ainda há raízes em combustão sob a terra de Pedrógão Grande. As cinzas pintam a maioria do concelho e as casas ardidas preenchem a paisagem.

É como se estivesse nos sítios: sentado em máquinas destruídas ou no que sobra de uma cama num quarto onde só já moram escombros, entre numa cozinha onde ficou um fogão agora inútil e uma salamandra onde o fogo era útil. Ou suba ao terraço de uma casa para ver a destruição envolvente. Viaje ao local onde o incêndio terá começado. Há terra queimada de um lado e um riacho verdejante do outro.


Através de vídeos em 360 graus, pode visitar locais devastados pelo fogo em Pedrógão Grande. Para isso, no computador, basta mover as imagens usando o rato. No telemóvel, use os dedos ou rode o telemóvel para alterar o ponto de vista.
Fogo persistente
Ao fim de um mês, ainda brota fumo de raízes teimosamente em combustão em Escalos Fundeiros. 



O incêndio que deflagrou no dia 17 de junho destruiu 81% da floresta do concelho de Pedrógão Grande, 66% de Figueiró dos Vinhos e 56% de Castanheira de Pera. Em Pedrógão Grande ardeu ainda 40% da área agrícola.
Flores na "estrada da morte"

Armando Casinhas fugiu de Pobrais e sobreviveu às chamas, mas relata um cenário dantesco na estrada EN 236-1, agora conhecida por “estrada da morte” porque aqui morreram 47 pessoas que seguiam em automóveis para tentar escapar das chamas.

Flores anunciam, agora, o local trágico, perto do cruzamento para Pobrais, onde morreram 11 dos 39 habitantes.
No asfalto, as áreas repavimentadas remendam as cicatrizes provocadas pelo fogo.


Quem decidiu ficar em casa, relata momentos de angústia extrema. Maria do Carmo Godinho, 85 anos, viu o fogo espreitar por baixo da porta, em Vila Facaia. Pensou que era o fim!


Não muito longe, Almerinda Nunes mostra-nos o que sobra da casa onde cresceu e viveu com os pais.


Em Vila Facaia, muitas casas ficaram destruídas. Uma das ruas transformou-se num inferno.


Uma coroa de flores na placa que nos orienta para Nodeirinho, anuncia-nos a memória da tragédia e destruição.


Na Barraca da Boavista há locais onde vive o silêncio, o negrume e a destruição.



500 milhões de euros de prejuízos

Os incêndios ocorridos entre 17 e 21 de junho nos concelhos de Pedrógão Grande, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Pampilhosa da Serra, Sertã, Góis e Penela destruiram total ou parcialmente 481 habitações particulares, 169 de primeira habitação, 205 de segunda habitação e 117 habitações devolutas.

Foram afetadas, também, 48 empresas com 374 trabalhadores.

Uma delas, é esta serração em Outão, que foi engolida pelas chamas. As cicatrizes ficaram nas máquinas e nos troncos. As cinzas ainda fumegam. A paisagem envolvente dilui o verde em negro.



Entre o negrume que bordeja o caminho municipal 1169, sobressai uma carrinha verde, a única réstea dessa cor numa zona onde, antes, ficaria camuflada. Agora, as árvores são uma floresta negra e, dentro de casa, sobram os ferros de uma cama, os restos de um fogão e uma salamandra envergonhada porque dava vida ao fogo.

O valor global dos danos e necessidades de intervenção ascende a 497 milhões de euros.

O fogo destruiu floresta, habitações, edifícios diversos, maquinaria e muitas infraestruturas e equipamentos públicos. Várias estradas necessitam de pavimentos e sinalização.


A árvore"suspeita"

A Polícia Judiciária aponta uma árvore, alegadamente atingida por um raio, em Escalos Fundeiros como sendo o ponto de ignição. Em baixo, pode visitar o local. Veja o terreno queimado de um lado e um riacho verdejante do outro.


Na Graça, o fogo rondou a igreja e alguns edifícios mais parece terem sido alvo de um bombardeamento.

Alguns limões no chão, dão cor a uma tela de cinzas.


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