Brexit. Número de britânicos em Portugal a crescer desde 2016

por Carlos Santos Neves - RTP
O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras calcula que 26.500 britânicos tenham autorização de residência em Portugal Carlos Brito - Reuters

Desde o final de junho de 2016, quando 52 por cento dos eleitores britânicos escolheram dizer adeus à União Europeia, o número de cidadãos do Reino Unido residentes em Portugal cresceu em 36,7 por cento. Números do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras relativos a 2018, ainda por consolidar, apontam para 26.500 pessoas com autorização de residência.

Antes do referendo britânico, os dados de 2016 referiam 19.384 britânicos com residência em território português – 11.442 homens e 10.489 mulheres. Em 2018, ascendiam a 26.500.
Os números do SEF são sintetizados pela agência Lusa em dia de mais um Conselho Europeu extraordinário dedicado ao Brexit.

O número de residentes do Reino Unido está em expansão desde 2015, ano em que foram atribuídas autorizações de residência a 17.230 britânicos – 9049 homens e 8181 mulheres – e em que o fluxo migratório foi de 1866. No ano seguinte, deu-se um aumento de 12,8 por cento, com um fluxo migratório de 2182 homens e 1650 mulheres.

O Relatório de Imigração, Fronteiras e Asilo de 2016, citado pela Lusa, colocava a nacionalidade britânica como a sexta com maior peso, à frente de Angola. Os segmentos mais representativos eram então o das outras nacionalidades, do Brasil, de Cabo Verde, e da Ucrânia, com percentagens de 29,7 por cento, 20,4, 9,2 e 8,7 por cento, respetivamente. Os britânicos representavam 4,9 por cento.

Em 2017 o número de autorizações de residência a britânicos tornou a expandir-se para 22.431 – 11.942 homens e 10.489 mulheres. Nesse ano, a nacionalidade britânica passou para o sétimo posto em termos de representatividade, atrás dos chineses, com 5,5 por cento, duas décimas acima dos britânicos.
Brexit. Portugal está ou não preparado?
Na passada quinta-feira, em entrevista à RTP, a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, estimava que Portugal não estaria “inteiramente protegido” para os expectáveis efeitos da saída do Reino Unido da União Europeia.

“Portugal não está inteiramente protegido porque há muito comércio entre Portugal e o Reino Unido e têm uma grande atividade de serviços, que é o turismo, amplamente aberto ao Reino Unido”, afirmava então Lagarde, que chamaria ainda a atenção para o provável retorno ao Reino Unido de reformados daquele país a residir em Portugal.

Na sexta-feira, à chegada a uma reunião informal do Eurogrupo em Bucareste, o ministro das Finanças quis contrariar a perspetiva da diretora do Fundo.

“Não acredito. Fizemos tudo internamente para estar preparados. As nossas relações com o Reino Unido são muito importantes, do ponto de vista comercial, económico, financeiro, no turismo. Muitos britânicos têm relações muito próximas com Portugal. Essas questões estão acauteladas, não nos devemos preocupar”, reagia Mário Centeno, para admitir, em seguida, não saber “se algum país está completamente protegido para uma saída sem acordo, dada a sua dimensão em termos de implicações”.
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