Investigação norte-americana traça genoma do VIH-1
Cientistas da Universidade da Carolina do Norte descodificaram o conteúdo genético do VIH-1, a principal causa de SIDA entre os seres humanos. Os investigadores norte-americanos, que desenvolveram uma técnica inovadora para obter a "visão geral" do genoma do vírus, esperam que a descoberta abra caminho a "novas oportunidades" na produção de fármacos.
A equipa de cientistas, explicou Ron Swanstrom à BBC, espera agora que a informação descodificada permita proceder a pequenas alterações no mapa genético do VIH-1: "Se não crescer tão bem quando afectarmos o vírus com mutações, então saberemos que mudámos algo que era importante".
Numa nota citada pela agência Reuters, o cientista Hashim Al-Hashimi, da Universidade do Michigan, comparou a nova técnica à "redução do zoom de um mapa, obtendo-se uma vista mais alargada da paisagem às custas dos pequenos detalhes". Os métodos predecessores, nomeadamente a cristalografia por raios X, permitiam precisar a posição de cada um dos átomos, mas somente em áreas limitadas.
Método SHAPE
O VIH-1 faz parte da família dos vírus constituídos por moléculas de ARN (ácido ribonucleico). À semelhança da poliomielite, da Hepatice C, da influenza e de outros vírus responsáveis pela constipação comum, tem a sua informação genética construída sobre uma única cadeia. Ao contrário do ADN (ácido desoxirribonucleico), formado por nucleótidos que comportam informação sobre duas cadeias.
No caso do ARN, a informação genética depende de uma combinação de nucleótidos e de um conjunto de padrões complexos de dobras. No ADN, as unidades do código genético são identificadas como A, C, T e G.
A técnica química desenvolvida pela equipa norte-americana, baptizada como SHAPE, permitiu compor uma imagem completa dos nucleótidos, da morfologia e das dobras da cadeia de ARN. A complexidade da estrutura de ARN no VIH-1, explicou o coordenador da investigação, Kevin Weeks, "desempenha quase certamente um papel até agora negligenciado na expressão do código genético".
Em declarações à BBC, David Robertson, da Universidade de Manchester, classificou os resultados obtidos nos Estados Unidos como uma "análise definitiva": "O que isto pode revelar é algumas das proteínas que operam a um nível abaixo das estruturas, que podem ter todos os tipos de funções no interior do vírus".
Os vírus de ARN colocam desafios especialmente difíceis no desenvolvimento de armas para o reforço do sistema imunitário. Actualmente, há mais de duas dezenas de fármacos prescritos para o tratamento do VIH, cujo controlo exige diferentes combinações de substâncias.