População de mosquitos causadores de dengue tem alastrado na Madeira, mas está controlada
Lisboa, 04 out (Lusa) -- A população de mosquitos que pode transmitir doenças tem alastrado pela periferia da ilha da Madeira, mas está controlada e monitorizada, disse hoje à Lusa o investigador Paulo Gouveia de Almeida, do Instituto de Higiene e Medicina Tropical.
Na quarta-feira, a presidente do Instituto Administração de Saúde da Região Autónoma da Madeira, Ana Nunes, informou que há dois casos confirmados de dengue na região e 22 sob suspeita, que estão em análise no Instituto Ricardo Jorge
Paulo Gouveia de Almeida, coordenador do Mestrado na área da Parasitologia Médica, adiantou que o Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT), em colaboração com o Instituto Administração de Saúde da Madeira, tem vindo a fazer um trabalho de monitorização das populações de mosquitos na região.
Os dados obtidos revelam que "a população de mosquitos tem estado a alastrar pela periferia da ilha, mas o seu alastramento está a ser controlado e monitorizado", sublinhou.
A existência de casos de dengue na Madeira não surpreendeu o médico e investigador: "A partir do momento em que temos um mosquito vetor numa determinada região é possível haver transmissão da doença".
"O risco está presente, porque basta a introdução de uma pessoa que traga o vírus em incubação para poder dar-se a cadeia de transmissão. De certa fora, é algo para o qual já vínhamos alertando", sustentou.
Sobre a possibilidade do aparecimento de casos da doença em Portugal continental, o investigador disse que "a probabilidade existe", mas todos os estudos que têm sido feitos no terreno até agora não detetarem a presença do mosquito no continente.
"Neste momento, não se conhece o risco do mosquito no Continente".
Contudo, frisou, tal como o mosquito foi transportado para a Madeira, também pode ser transportado para outros lados.
Paulo Gouveia de Almeida adiantou que existe um outro mosquito que também transmite o dengue e que "está a invadir vários países da Europa", como Espanha, Itália, Croácia e costa francesa.
"É possível que um destes mosquitos seja trazido, através dos transportes rodoviários ou aéreos, para determinada zona e Portugal também está em risco de introdução", acrescentou.
O investigador adiantou que a população tem nas suas mãos "uma grande arma de controlo" para reduzir o número de mosquitos.
O mosquito cria-se habitualmente em pequenos depósitos de água, como nos pratos dos vasos das plantas, baldes, bidões, vasos, jarros dos cemitérios.
"Está nas mãos da população fazer esse primeiro controlo de redução da fonte de mosquitos, não permitindo a existência de água nesses objetos", disse.
Nesse sentido, as pessoas devem ter imenso cuidado com os objetos que coletem água e que os mosquitos aproveitam para pôr os ovos e desenvolverem-se, explicou.
"A outra possibilidade que as pessoas têm é o uso de repelentes que se colocam na pele, o uso de rede mosquiteiras nas janelas, os ares condicionados e outros sistemas que permitem a proteção das pessoas para com os mosquitos", aconselhou o investigador.
Segundo a Direção-Geral de Saúde, a doença transmite-se apenas através da picada de uma espécie de mosquito, não havendo risco de contágio por contacto entre pessoas infetadas.
As autoridades de saúde recomendam que, em caso de suspeita da doença, cujo principal sintoma é a febre, devem recorrer ao médico, mas nunca tomar aspirinas.