Prescrição de medicamentos é um dos temas em debate

O III Congresso da Ordem dos Enfermeiros arranca hoje com a prescrição de medicamentos como um dos temas em destaque. A questão, que já se arrasta há algum tempo, divide os vários profissionais de saúde, a Ordem dos Médicos a considera que tal possibilidade é inaceitável e contra os interesses dos doentes. Nos dois dias do congresso, os profissionais de enfermagem vão ainda pedir um reforço das suas competências.

RTP /

De acordo com o jornal Público, além da prescrição de certos medicamentos, os enfermeiros pretendem mandar fazer exames complementares de diagnóstico, prescrever ajudas técnicas e dispositivos médicos.

Em declarações ao Público, Maria Augusta Sousa, bastonária da Ordem dos Enfermeiros dá o exemplo dos doentes crónicos, “se o enfermeiro verifica que a terapêutica de um doente crónico está de acordo com a prescrição médica e não necessidade de reavaliação do diagnóstico, faz sentido o doente perder uma manhã num centro de saúde, apenas para o médico copiar uma receita?”.

No entanto, a prescrição de medicamentos seria feita apenas com base em protocolos, regras bem definidas e situações específicas.

A Ordem dos Enfermeiros pretende assim rentabilizar ao máximo as competências de cada profissional de saúde.

“Não podemos pensar que os cuidados de saúde são só cuidados médicos. Não se trata de roubar competências, mas sim de coloca-las ao serviço do cidadão”, defende Maria Augusta Sousa , que sublinhou que “atualmente os enfermeiros já podem receitar medicamentos, em situações de emergência, se não fizerem até incorrem numa ilegalidade”.

A ideia, longe de ser consensual em Portugal, já é uma realidade em países como Espanha, Inglaterra e Estados Unidos.

Durante o congresso a Ordem dos Enfermeiros, quer avaliar qual o valor dos cuidados de enfermagem e de que forma devem ser integrados no financiamento das unidades de saúde.

Médicos contra tal possibilidade

José Manuel Silva, bastonário da Ordem dos Médicos, sublinha que a hipótese de os enfermeiros poderem prescrever medicamentos é “inaceitável e contrária aos interesses dos doentes”.

O bastonário da Ordem dos Médicos, não entende a razão que leva os profissionais de enfermagem a querer “extravasar as suas competências, sem que tenha havido um diálogo institucional prévio”.
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