Mão-de-obra barata na produção do novo iPhone X

por RTP
Peter Nicholls - Reuters

Uma investigação do Financial Times descobriu que a produção do iPhone X está a cargo de estudantes chineses a trabalhar ilegalmente.

A reportagem, publicada esta terça-feira no jornal britânico, denuncia a fábrica da Foxconn em Zhengzhou, na China, pela forma como tem recorrido a jovens para a produção do novo iPhone X.

O novo modelo topo de gama do iPhone foi lançado em outubro e, numa altura em que a Apple tenta responder à muita procura com um nível suficiente de oferta, a Foxconn – a maior fornecedora de material eletrónico asiática da Apple – é acusada de recorrer a trabalho ilegal para a sua produção.

O jornal britânico cita seis estudantes chineses que afirmam ser obrigados a trabalhar mais de 11 horas por dia na fábrica, ou seja mais de 60 horas por semana, de forma ilegal, uma vez que as leis locais impedem que os estudantes trabalhem mais de 40 horas semanais.

De acordo com a investigação, cerca de três mil estudantes encontram-se em situação semelhante, sendo obrigados pela escola chinesa Zhengzhou Urban Rail Transit School a realizar um estágio nestas condições na fábrica durante três meses como “experiência profissional” para concluírem o curso.

“Estamos a ser forçados pela nossa escola a trabalhar aqui. O trabalho não tem nada a ver com os nossos estudos”, denunciou um estudante da escola de Zhengzhou ao Financial Times.
Estudantes em regime de voluntariado
A Apple e a Foxconn, em resposta à publicação, reconheceram que foram identificados casos de estudantes a trabalhar nestas condições, acrescentando que estavam a tentar solucionar esta questão.

Confirmando que alguns destes jovens estariam a trabalhar horas a mais do que o permitido por lei, a Apple afirma que estes estavam em regime de voluntariado.

“Eram compensados e receberam benefícios, mas não deviam ser autorizados a trabalhar horas extra”, adiantou a empresa.

Um funcionário da empresa revelou ao jornal que todos os anos são recrutados jovens para trabalharem entre os meses de agosto e dezembro mas, com os atrasos na produção do novo equipamento da Apple, a fábrica necessitou ainda mais do trabalho destes estudantes.O iPhone X é o equipamento mais caro que a Apple já lançou e foi apresentado no mês passado, juntamente com o iPhones 8 e o iPhone 8 Plus.

A procura deste modelo mais recente tem sido elevada, mas a produção de alguns componentes deste equipamento é mais complexa, o que tem gerado problemas ao nível do stock nas lojas.

A marca está empenhada em maximizar a produção para conseguir dar resposta à grande procura do mercado.

A Foxconn, acusada de recorrer a trabalho forçado de estudantes para a produção do novo equipamento da Apple, é conhecida em Taiwan como Hon Hai Precision Industry Co.

Para além de ser a maior fabricante mundial de componentes eletrónicos para marcas como Apple e Nokia, tem mais de um milhão de funcionários nas suas fábricas na China.
Tópicos
pub