Pesquisa do Facebook permite conhecer mais do que se quer

A pesquisa avançada dentro do Facebook, anunciada há alguns dias, permite explorar os perfis de todos os utilizadores com uma profundidade até agora impossível de conseguir, o que pode trazer alguns dissabores para quem coloca informação a mais naquela rede social.

António Granado, RTP /
O Graph Search usa a informação retirada dos perfis dos utilizadores do Facebook DR

Apresentada como Facebook Graph Search, a nova ferramenta quer competir diretamente com o Google, usando para isso os dados que os seus muitos milhões de utilizadores colocam voluntariamente nos perfis. É agora possível encontrar com uma pesquisa simples "pessoas que vivem na Figueira da Foz e gostam de Nesquick", "mulheres que vivem em Cascais e gostam de Chanel", "empregadores de pessoas que gostam de Maçonaria" ou ainda "pessoas que trabalham no Porto e gostam de smart drugs".

É precisamente nestas pesquisas sobre determinadas preferências pessoais que podem afetar a credibilidade de alguns utilizadores que se têm concentrado alguns artigos escritos na Web nos últimos dias. Há mesmo um site que regista verdadeiras pesquisas feitas através do Facebook Graph e onde se obtêm resultados supreendentes: "Judeus que gostam de bacon", "mulheres casadas com homens que gostam de prostitutas" ou "homens que vivem em Teerão e gostam de outros homens".

O Facebook tem-se defendido com o argumento de que todas estas informações são colocadas online voluntariamente pelos seus utilizadores, o que demonstra que os próprios não terão qualquer problema em serem encontrados durante uma pesquisa. "O Facebook categoriza-nos. Ou, melhor, nós categorizamo-nos através do mecanismo do Facebook", avisa na revista The Atlantic a jornalista Megan Garber. "E o Graph Search permite que pessoas de fora do Facebook nos recategorizem de acordo com agendas que têm muito menos a ver com 'ligar o mundo' e mais com estratificá-lo", acrescenta.

A funcionalidade de pesquisa através do Graph Search está a ser gradualmente estendida a todos os utilizadores do Facebook e espera-se que nas próximas semanas esteja completamente disponível. E, enquanto não está, talvez valha a pena seguir o conselho de Will Oremus na Slate: "Se está entre os [que não usam as possibilidades de privacidade que o Facebook oferece], está na altura ideal de mudar".
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