ESTADO DE TERROR (Filme)

Uma fábula kafkiana, em tom de amarga evocação, sobre o pesadelo de um burocrata nos tempos da Polónia comunista, com Donald Sutherland.

Em 1979, Josef Burski, um hábil e inteligente membro do Politiburo do Partido Comunista da Polónia, era casado com a bela Mita e desfrutava com prazer os luxos que a sua posição lhe permitia ter, do carro com motorista ao belo apartamento, passando pelos dólares. Apenas uma filha difícil parecia complicar a vida de Josef, pelo menos até ao dia em que cai em desgraça. Sem saber porquê, uma manhã, Josef vê-se sem gabinete, sem cargo, sem amigos, sem dinheiro e sem estatuto. Josef acabava de ser obrigado a conhecer e a viver do outro lado da vida na Polónia comunista e totalitária.

O polaco Andrzej Krakowski escreveu uma amarga e envolvente história sobre o pesadelo de um dirigente comunista da Polónia, numa era anterior à ¿glasnost¿, que cai em desgraça e tem, subitamente, de aprender a viver do outro lado da rigorosamente vigiada sociedade que ajudou a produzir. Krakowski, cujo pai foi chefe dos estúdios estatais na Polónia até ao dia em que foi vítima de uma purga e despojado de todo o seu poder, prestígio e estatuto, descreve com pormenor e precisão a vida dos membros do Politiburo, dos seus pervilégios de classe à paranóia da destituição, perseguição, prisão ou pior. Com realização de John Irvin, ¿Estado de Terror¿ é uma excelente e incisiva evocação dos tempos de um regime comunista na Europa, há pouco mais de vinte anos, onde os membros do poder dispunham de todos os privilégios que negavam e escondiam ao resto da população mas eram, no limite, tão prisioneiros do sistema como a restante população, já que não tinham posse verdadeira de nada e muitas vezes, exactamente por nada, deixavam de ter tudo. Uma espécie de fábula sobre o pesadelo kafkiano de um burocrata no desconcertante universo de um país totalitário, que conta com uma notável interpretação de Donald Sutherland no principal papel.