TOPSY-TURVY

Uma grandiosa e fascinante evocação da célebre dupla de criadores musicais ingleses do século XIX, Gilbert & Sullivan, num filme de Mike Leigh.

Em 1884 a opereta “Princesa Ida” chega aos palcos de Londres e apesar de ser um assinalável sucesso é acusada de ser mais uma produção rotineira da autoria da célebre dupla de criadores, Gilbert & Sullivan. William Gilbert nas letras, e Arthur Sullivan na música, revolucionaram a opereta inglesa e obtiveram enormes sucessos. Porém, após “Princesa Ida” os dois estão à beira da ruptura, sobretudo porque são personalidades muito distintintas, e até antagónicas, que pareciam ter chegado ao limite do entendimento. Todavia, ainda deviam, contratualmente, um trabalho ao empresário Carte e, graças a uma série de felizes coincidências, nasce a célebre “Mikado”, que foi um êxito estrondoso.

Mike Leigh impôs-se como autor de filmes como “Nu” ou “Segredos e Mentiras”, dramas intimistas contemporâneos construidos com espantosa sinceridade e modestos meios de produção. Porém, “Topsy-Turvy” está, quase, nos antípodas do seu tipo de cinema. Trata-se de uma grandiosa, luxuosa e extravagante reconstituição de época que evoca os tempos e, sobretudo, as coloridas produções musicais da celebérrima dupla de compositores ingleses do século XIX, Gilbert & Sullivan. Curiosamente, um velho projecto nunca tentado antes por falta de meios, “Topsy-Turvy” é, ainda assim, um filme onde o espantoso talento de Leigh para encenar conflitos humanos, no caso as complexas relações entre Gilbert e Sullivan, está bem presente. Mas “Topsy-Turvy” é, acima de tudo, uma notável recriação da atmosfera teatral e das imaginativas produções musicais de Gilbert & Sullivan, num filme servido por um grande elenco e por um magnífico trabalho de guarda roupa, aliás, premiado com o Oscar da Academia de Hollywood.