AO SUL

Fernando Matos Silva reflecte sobre Portugal e as suas transformações num filme que passa pelo tema da emigração

Nos anos setenta, Henrique deixou Portugal e rumou à Holanda. Passados vinte anos, decide regressar, com o intuito de trabalhar no Alentejo, a sua terra natal. Em Vila Viçosa encontra amigos e familiares e percebe que continua a existir uma grande diferença de mentalidades. Por outro lado, em Lisboa vê-se obrigado a evocar as dolorosas memórias da Guerra Colonial quando reencontra um velho camarada de armas estropiado. O regresso de Henrique está longe de ser pacífico e feliz.
Treze anos depois da bela evocação histórica de "Guerra do Mirandum", Fernando Matos Silva assinou em 1993 "Ao Sul". Uma nova incursão pela memória recente de Portugal, em especial da Guerra Colonial, tema aliás marcante na filmografia de Matos Silva patente em "O Mal Amado" e "Acto dos Feitos da Guiné" de formas totalmente distintas. Aqui tudo gira em torno de um homem que regressa a Portugal, de onde se ausentou nos anos setenta, para descobrir um país transformado mas onde tem de se confrontar com as suas memórias e angústias, quer do passado quer do presente. Uma excelente realização de Matos Silva, que volta a reflectir de forma inteligente e sentida sobre o seu país e as suas próprias vivências e memórias.