INQUIETUDE

Entre a farsa e o melodrama, Manoel de Oliveira, constrói uma melancólica reflexão sobre o desejo, a eternidade e a morte, a partir da fusão de três obras distintas.

Um velho que conheceu honrarias e admiração tenta convencer o seu filho a matar-se, para poder assim, e ao contrário dele, desaparecer no auge da sua fama e glória. Mas, como o filho se recusa a morrer, o pai mata-o e suicida-se. Cai o pano sobre esta farsa e dois amigos deixam o teatro para ir ao encontro de duas mulheres, que são afinal duas prostitutas. Quando um deles quer abandonar a sua amante e esquecer-se de tudo, o outro conta-lhe a história da triste Fisalina e da ¿mãe do rio¿.

O velho mestre do cinema europeu, Manoel de Oliveira, quase no limiar dos 90 anos de idade, rodou ¿Inquietude¿, uma hábil e inteligente fusão de três histórias distintas. Oliveira, entre a farsa e o melodrama, constrói uma melancólica reflexão sobre o desejo, a eternidade e a morte, numa constante atmosfera de inquietude, serena e atribulada, em que funde de forma surpreendente três obras distintas: ¿Os Imortais¿ de Prista Monteiro, ¿Suzy¿ de António Patrício e ¿Mãe de um Rio¿ de Agustina Bessa-Luís. Exibido em vários festivais de cinema internacionais e premiado em Montreal, ¿Inquietude¿ volta a jogar com a teatralidade, o cinema e a literatura num filme de tons quentes e misteriosos que mestre Oliveira encena com saborosa imaginação, humor e ironia.