Sobreviver a Picasso

Anthony Hopkins recriando Picasso numa evocação biográfica sobre os dez anos em que viveu com Françoise Gilot, exemplares da sua energia tumultuosa mesmo depois dos 60 anos.

Paris, 1943. Françoise Gilot, de 23 anos, conhece Pablo Picasso, que se apaixona por ela, apesar de ter mais 40 anos. Porém, esta nova ligação amorosa do enérgico Picasso, não significa que deixe de manter uma ligação com Marie-Thérèse, de quem tem uma filha, e de continuar a encontrar-se com a sua primeira mulher, Dora Maar. Durante dez anos, entre Paris e o sul de França, Picasso e Françoise vivem juntos e têm dois filhos, Claude e Paloma. Françoise suporta todos os caprichos de artista, bem como as exigências e tiranias de Picasso que tem um dom especial de destruir o relacionamento com aqueles que o cercam. Quando Jacqueline Roque começa a parecer nas telas de Picasso, Françoise deixa-o. Foi a primeira a ter coragem para "sobreviver" a Picasso.

James Ivory, que se tornou célebre pelas suas evocações vitorianas, recriou em "Sobreviver a Picasso" dez anos da vida do celebérrimo artista no período em que viveu com Françoise Gilot. Partindo de um argumento de Ruth Prawer Jhabvala, adaptado do livro de Ariana Stassinopoulos Huffington, esta sinuosa evocação biográfica detém-se sobre as complexidades de relacionamento com um homem caprichoso, dominador e extraordinariamente enérgico, depois dos 60 anos, que continuava a manter uma tumultuosa vida amorosa. Ivory, com a sua tradicional elegância e frieza, retrata este período da vida privada do mais célebre artista do século XX em torno do tema "criador-destruidor". Uma visão muito pessoal de Picasso, cujos herdeiros proibiram a utilização de qualquer das suas obras no filme. Destaque para a subtileza e inteligência dos diálogos bem como para a notável recriação de Picasso por Anthony Hopkins.