O ESPECTÁCULO DO POLVO (Parte II)
A paixão do realizador Mark Gruy pelo polvo, levou-o a realizar um documentário único, num laboratório construído de propósito para estudar o comportamento dos cefalópodes
Os investigadores mantinham o polvo que estavam a estudar num aquário do laboratório; noutro tanque, mais pequeno, guardavam os caranguejos - um dos pratos preferidos deste invertebrado. A dada altura os caranguejos começaram a desaparecer¿ Os investigadores resolveram ficar acordados até mais tarde, e não ganharam para a surpresa¿
Mal a porta do laboratório se fechava, o animal em estudo saía do seu tanque ... Ou seja, deslizava pelas paredes até cair no chão, completamente fora de água. Arrastava-se depois através de toda a sala, até ao pequeno tanque dos caranguejos, para onde subia. Servia-se aí à sua vontade, e depois, como se não fosse nada com ele, voltava tranquilamente para o seu tanque, onde era encontrado na manhã seguinte.
Foram estes testemunhos da argúcia do polvo que fascinaram o realizador Mark deGruy e o levaram a realizar este espectacular documentário de televisão.
Embora se deixem aproximar pelos mergulhadores, a quem por vezes até permitem algumas festas, os polvos são em regra animais pouco sociais e desconfiados. Têm de recear até os membros da sua própria espécie. Está cientificamente comprovado que algumas das duzentas e cinquenta espécies existentes se atacam
e comem uns aos outros.
Os polvos fazem por isso o possível por terem vidas solitárias, que duram dois ou três anos, se tiverem sorte.
Os cefalópodes só procuram companhia para se reproduzir, e o seu acasalamento é sempre uma dança nervosa. Num ritual de jogos e sinais, a fêmea em condições de procriar limpa primeira toda uma área onde se ira dar esse encontro, completamente casual. Á medida que se aproxima cuidadosamente, o macho emite uma série
complexa de sinais , transmitidos por odores que se espalham na água, padrões de cores na pele e movimentos dos tentáculos. O encontro tanto poderá durar apenas alguns minutos como prolongar-se por horas, no que parece depender sobretudo da fêmea.
Os polvos não são monogâmicos. Pelo contrário, tanto fêmeas quanto machos são bastante promíscuos, podendo ter vários parceiros no seu período de reprodução.
De volta à sua vida solitária, os polvos não param de surpreender. Com um corpo diferente de todos os outros animais que podemos encontrar no planeta Terra, e composto por tecidos incompreensivelmente líquidos, os polvos conseguem descer a grandes profundidades sem sofrer as consequências da pressão a que ficam então
sujeitos.
A 700 metros de profundidade, na costa oeste do Canadá, a equipa de cientistas encontra o polvo gigante do Pacífico. É um animal temível e raramente visto pelo Homem, que a esta profundidade reina sem ser incomodado, mas que também consegue sobreviver sem problemas perto da superfície.
É esta capacidade de adaptação do polvo que maravilha os cientistas. Uma espécie, conhecida como "dumbo", quase não tem tentáculos ; outra, em vez de ventosas, tem pequenas antenas ao longo dos seus braços.
Versátil e surpreendente, este animal que amedrontava os antigos marinheiros e deu origem a inúmeras lendas continua a revelar-se hoje como um ser extraordinário. E por mais longe e mais fundo que o Homem moderno mergulhe, o aparentemente simples polvo promete continuar a provocar choque e espanto...
Ficha Técnica
- Título Original
- THE OCTOPUS SHOW