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OURIÇOS

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O negócio (com espinhos) dos ouriços do mar

Imagina que trezentos gramas de ovas de ouriços-do-mar podem chegar a custar mais de 120 euros no Japão? E que na "Côte d¿Azur" francesa, durante os meses de Janeiro e Fevereiro, milhares de pessoas se juntam só para comer ovas de ouriços-do-mar? Mas é verdade.
Em Portugal, a espécie existe em abundância, e com todas as características de qualidade que franceses e japoneses tanto apreciam. Só que por cá poucos conhecem este petisco.
Normalmente não passa de um pitéu só apreciado pelos pescadores.
São de resto os pescadores quem sabe onde procurar os melhores ouriços. Entre Outubro e Abril, período de desova dos ouriços, arriscam-se nas ravinas e falésias para chegar aos melhores laredos, e suportam os humores do mar para arrancar os ouriços dos seus esconderijos rochosos. Uma saca de 20, 30 quilos serve bem para uma boa patuscada, mas não chega para fazer um negócio rentável. Pelo menos assim pensa António Escaleiro, pescador da costa vicentina, que faz da apanha de ouriços um complemento aos dias negros em que o mar o obriga a ficar em terra. Comer ovas de ouriço compensa uma refeição.
Desde o início da década de 90 que a apanha de ouriços está regulamentada por lei e exige uma licença específica. Em Portugal estão atribuídas 76 licenças. A maior parte não está, no entanto, a ser utilizada.
Mas há quem tire bom proveito dos ouriços do mar.
Em Castelo do Neiva, Viana do Castelo, durante a época de apanha e sempre que as marés o permitem, um grupo de nove mulheres arregaça as mangas, pega na foice e num cabaz e mete-se nas ondas geladas para arrancar o sustento das rochas.
Numa manhã chegam a apanhar mais de mil e quinhentos quilos de ouriços. São sacas e sacas cheias que carregam às costas pelas rochas, entre a beira mar e a estrada, para depois as vender a um intermediário espanhol.
Por época, chegam a retirar do mar vinte mil quilos de ouriços que vendem a 87 cêntimos o quilo.
Mas, se o Estado exige licenças e que a comercialização dos ouriços do mar passe pela lota, ninguém se dá ao trabalho de controlar se isso é feito. Não há levantamentos científicos sobre as populações de ouriços nem sequer um conhecimento real sobre o que apanha quem tem licença.
Em França, por exemplo, de tanto apanhar ouriços na "Côte d¿Azur", estes chegaram a ficar ameaçados de extinção. Um risco sério, uma vez que a apanha só se realiza no período da desova, e que levou a que esta agora esteja sujeita a regras rigorosas.

Uma reportagem de Maria João Barros com imagem de Rui Alves e edição vídeo de Namorado Freire. Locução de Jorge Moreira e sonorização e pós-produção audio de Luís Mateus. Produção de Maria João Rolão Preto.

Ficha Técnica

Título Original
OURIÇOS DO MAR
Ano
2003